No MS, dia do índio é dia de luta
Por motivo do Dia do Índio Americano, que é comemorado 19 de abril, organizações indígenas de MS estão preparando um ato na aldeia “Mãe Terra” no município de Miranda/MS, na quinta feira 16 de abril. A organização
da atividade é do povo Terena. Os objetivos da mesma são resgatar a data do Dia do Índio Americano como um dia de luta e fazer mais uma reclamação em relação à necessidade urgente de demarcação das terras indígenas no Estado.
Confirmaram a presença no ato os representantes da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB); Articulação dos Povos Indígenas de Minas Gerais e do Espírito Santo (APOIME); Articulação
dos Povos Indígenas do Sul (ARPINSUL) e Articulação dos Povos Indígenas do
Pantanal (ARPINPAN). Também estarão participando representantes do movimento guarani e de outros movimentos sociais do
MS.
Os organizadores da mobilização indígena explicaram que escolheram o dia 16 para garantir a presença de representantes de organizações indígenas de outros estados que, por sua vez, tem que participar das atividades locais em seus respectivos municípios e estados, o dia 19 de abril.
A “caminhada pela vida e dignidade dos povos indígenas” será um
dos momentos mais importantes da manifestação indígena desse dia. Os organizadores também prepararam apresentação de danças, rezas e outros rituais característicos do povo Terena. Segundo Lindomar Ferreira, liderança da comunidade Mãe Terra, “a atividade vai ser um momento importante para a partilha e reflexão sobre os desafios da luta indígena no Mato Grosso do Sul e em todo o Brasil, pois estamos com a idéia de fortalecer a luta pela
terra e pela defesa de nossos direitos”.
Manifestou também que vão resgatar o verdadeiro significado da data 19
de Abril, Dia do Índio Americano que “não é um dia de festa e sim um dia de
luta”. Por outro lado o ato será de preparação para a participação dos indígenas do MS no encontro anual de protesto em Brasília no chamado
“acampamento terra livre”.
Significado de uma data
Em 19 de abril de 2009 completa-se 69 anos da realização do Primeiro
Congresso Indigenista Latino-americano. Foi no ano 1940 na cidade de Patzcuaro, México, que a Organização dos Estados Americanos (OEA) chamou os governantes para participar desse congresso e analisar um
documento sobre a política indigenista que seria implementada no norte, centro e sul americano. Os representantes dos povos indígenas estavam lá.
Só que os indígenas não foram chamados para que suas vozes
fossem ouvidas no evento. Eles compareceram para protestar e reclamar. Os governos nunca aceitaram a presença indígena dentro do Instituto Indigenista Interamericano da OEA. Trinta anos mais tarde, na década de 70, os governos, ao invés de aceitar que os próprios indígenas representassem seus povos perante a OEA, decidiram anunciar a escolha de uma data, o 19 de abril, como o dia do índio americano, em recordação aos indígenas que se
mobilizaram em 1940, durante o primeiro Congresso Indigenista Interamericano.
Por isso, em muitos países, os povos indígenas rejeitam a data oficial e tentam dar um significado diferente ao dia do índio, sendo que ela surge por conta de denuncias dos abusos e violações de direitos humanos cometidos pelos governos e estados americanos contra os povos indígenas.