Adiado despejo de aldeia indígena no Mato Grosso do Sul
Após um sigiloso processo no Poder Judiciário, mais uma comunidade Guarani Kaiowá ia ser despejada pela Policia Federal no Mato Grosso do Sul até sexta-feira, 10 de abril. No entanto, com a intervenção das lideranças guarani, do Ministério Público Federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai) a ação foi adiada para a próxima semana, possivelmente.
As cerca de 20 famílias Kaiowa-Guarani da comunidade Jukeri que seriam despejadas estavam aguardando com expectativa uma resolução favorável que pudesse garantir segurança e tranqüilidade em relação à reivindicação de terra. Tudo indica que as famílias vão experimentar mais uma violência na busca da terra sem males. A polícia teria dado prazo de uma semana para os indígenas tirarem toda a plantação de alimentos feita na terra.
A comunidade fica na margem esquerda da Rodovia Dourados/Carapá em MS, km 11, zona rural do município de Dourados (MS). A ordem de desocupação foi mandada pelo juiz federal substituto Moises Anderson Costa da Silva. A ação de reintegração de posse é favorável, segundo o processo, para Guilherme Bonilha Técchio e outros.
Trator arrasou cemitério indígena
Segundo Nelson Cáceres, liderança da aldeia, o grupo de famílias está nesse lugar nos últimos quatro anos. Inicialmente a comunidade ficou acampada na beira da estrada por muito tempo. Ele afirmou que a terra reivindicada é um antigo tekoha (terra tradicional) e que os fazendeiros não deixaram nenhum vestígio da presença indígena. Segundo denunciou, o cemitério indígena foi arrasado pelo trator da fazenda, porém ainda existe uma sepultura onde estão os restos de sua esposa, sendo essa uma das razões pela qual a comunidade não quer abandonar o lugar. Manifestou que o único objetivo dos fazendeiros é tirar os indígenas da terra que estão ocupando para depois plantar cana de açúcar. Assinalou que vão buscar o diálogo para evitar o despejo. “Temos muitas crianças na aldeia e qualquer procedimento de violência e de força da polícia vai trazer prejuízo e perda para nossa comunidade” expressou a liderança indígena.
Campo Grande, 08 de abril de 2009