26/03/2009

Informe nº. 858: Em dois meses, 17 Xavante morreram por falhas no atendimento à saúde no MT

Informe nº. 858


 



  • Em dois meses, 17 Xavante morreram por falhas no atendimento à saúde no MT

  • Polícia Federal investiga atentado contra cacique Potiguara, na Paraíba

 


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Em dois meses, 17 Xavante morreram por falhas no atendimento à saúde no MT


 


Entre janeiro e fevereiro de 2009 morreram 17 Xavante, sendo 14 crianças, na terra indígena Parabubure, próxima à cidade de Campinápolis, no Mato Grosso. Segundo missionários do Cimi, as mortes ocorreram em função de falhas no atendimento à saúde dos indígenas. A falta de transporte para o trabalho de prevenção e deslocamento dos doentes é uma das graves deficiências na assistência à saúde na região.


 


A maior parte das crianças apresentava sintomas típicos de desidratação, pneumonia e desnutrição, de acordo com a equipe do Cimi. Uma das crianças que estava desnutrida e com pneumonia faleceu, pois não havia veículo para levá-la até uma unidade de tratamento.


 


Os Xavante da terra Parabubure são atendidos pelo pólo de Campinápolis, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O Pólo atende uma população de 5453 Indígenas Xavantes de 96 aldeias (segundo dados do Censo de 2006). Em três das microáreas do Pólo, as equipes de saúde estão incompletas e faltam materiais e medicamentos básicos, como dipirona e soro oral. Além disso, há somente um carro para o trabalho do Pólo. No entanto, na época das chuvas, o veículo quebra com freqüência.


 


Na avaliação dos missionários que trabalham com os Xavante, se os enfermeiros e médicos pudessem se deslocar para tratar das pessoas nas aldeias, eles poderiam evitar que a situação de vários doentes se agravasse. Outro problema apontado é o estado da Casa de Assistência do Índio (CASAI), onde os doentes e seus acompanhantes se alojam quando recebem tratamento na cidade de Campinápolis. “Não há colchões suficientes e os poucos que existem estão em péssimas condições de uso; os sanitários são extremamente precários e com mau cheiro; as instalações elétricas e os banheiros estão danificados; o telhado está furado, não oferecendo proteção real quando chove.”, afirma em nota a equipe do Cimi.


 


José Henrique, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante, ao qual o Pólo é ligado, informou que não há previsão para se fazer um reforma geral na Casai, pois não há verba para manter os indígenas e seus acompanhantes na cidade em no período necessário para a reforma. Afirmou que há planos de se construir uma nova Casai, mas ainda sem data. O diretor assumiu o DSEI em dezembro de 2008 e não falou sobre os óbitos, pois não tinha informações sobre os dados apresentados.


 


A situação dos Xavante de Parabubure já foi denunciada ao Ministério Público Federal.


 


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Polícia Federal investiga atentado contra cacique Potiguara, na Paraíba


A Polícia Federal (PF) está investigando o atentado contra o cacique Aníbal do povo Potiguara. No dia 22 de março, à noite, ele foi baleado dentro de casa, na aldeia Jaraguá, município de Rio Tinto, Paraíba. O cacique está hospitalizado e, apesar de ter duas balas alojadas no corpo (cabeça e pulmão), passa bem e apresenta quadro estável.


Dia 25, as primeiras testemunhas prestaram depoimento à Polícia Federal. Segundo Rita de Cássia, esposa de Aníbal, na noite do crime, dois homens encapuzados derrubaram a porta da casa da família, apagaram as luzes e dispararam vários tiros em Aníbal, que assistia televisão. Ele foi imediatamente levado para um hospital em João Pessoa, capital do estado. A PF foi ao local do crime na noite seguinte ao atentado, após os Potiguara terem bloqueado a BR-101, exigindo rapidez nas investigações.


Aníbal, 43 anos, foi reeleito cacique da aldeia Jaraguá em fevereiro deste ano e vinha recebendo ameaças de morte. Aníbal, o cacique Bel (aldeia Três Rios) e a cacica Cau (aldeia Monte Mor) estão organizando seu povo para a retomada do território tradicional Potiguara, invadido por plantio de cana de açúcar. Bel e Cau também têm recebido ameaças de morte. 


A situação na aldeia Jaraguá está muito tensa, por isso lideranças Potiguara estão atuando, junto à Polícia Federal, para evitar conflitos na área. 


 


Rita de Cássia vive assustada. “Desde domingo que não como nem durmo”. Ela e Aníbal têm dois filhos: Iratam, de um ano, e Ibiratam, de quatro anos. Cássia afirma que nas últimas noites Ibiratam acorda sobressaltado gritando: “Mãe, aqueles homens vem matar a gente também”.


(Informações Alexandre – Cimi NE)


 


Brasília, 26 de março de 2009


Cimi – Conselho Indigenista Missionário

Fonte: Cimi
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