24/03/2009

A Realidade da Saúde Indígena no Município de Campinápolis – MT

Entre os meses de janeiro e fevereiro de 2009 ocorreram 14 óbitos principalmente de crianças no pólo de saúde indígena de Campinápolis, no Mato Grosso, que atende uma população de 5453 Indígenas Xavantes de 96 aldeias (segundo dados do Censo de 2006). Uma das crianças morreu estava desnutrida e com pneumonia, e não havia um veículo para conduzi-la a uma unidade de tratamento. Em outro caso, uma mulher grávida perdeu seu filho, por falta de veículo para socorrê-la. Como estes são muitos os casos que ocorrem no dia a dia das comunidades indígenas da região.


 


Esta situação foi denunciada ao Ministério Público Federal e aguardamos as providências para garantir a saúde e a vida dos Xavante da região de Campinápolis. Em 2008 aconteceram 54 óbitos , sendo a população infantil a mais afetada.


 


O pólo de saúde indígena de Campinápolis está sendo tratado com descaso pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e pelas autoridades competentes responsáveis pelo atendimento desta população – o que leva ao questionamento: existe realmente alguém responsável pela saúde dos índios? Para onde vai a verba destinada para materiais, medicamentos, combustíveis, veículos, pagamentos de pessoal e demais necessidades para o atendimento efetivo dos indígenas. Uma senhora Xavante falava angustiada nesses dias: Será que a Funasa quer nos matar?


 


            Nas três microáreas nas quais os Pólo de saúde de Campinápolis está dividido, as equipes estão incompletas; não há atendimento médico; o odontólogo não vai para a área indígena, pois não há transporte e materiais para trabalhar, mas ele está contratado.


 


            Nenhuma das microáreas possui veículos para locomover pacientes e a equipe de serviço. Somente há um carro para o trabalho do pólo, mas às vezes ele não está disponível, porque está quebrado ou porque vai fazer outras ativiades no distrito de saúde de Barra do Garças.


 


            No Pólo também faltam medicamentos básicos como Dipirona, xarope e soro oral.


 


            Há poucos dias haviam 14 crianças Xavantes hospitalizadas e 52 doentes na Casa do Índio (CASAI). Na CASAI que deveria ser uma casa de apoio a saúde, a situação é deprimente: há somente um funcionário cuidando da limpeza e uma funcionária que prepara os alimentos para atender quase 100 pessoas, considerando que os doentes sempre têm acompanhantes. Não há colchões suficientes e os poucos que existem estão em péssimas condições de uso; os sanitários são extremamente precários e com mau cheiro; as instalações elétricas e os banheiros estão danificados; o telhado está furado, não oferecendo proteção real quando chove. Há um ano não se faz dedetização no espaço, por isso há uma grande quantidade de baratas e outros insetos.


 


Toda essa realidade leva-nos a questionar o que faz o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), a Funasa e se os responsáveis não conhecem a triste realidade em que vivem os indígenas. Ou se conhecendo, por meio dos relatórios enviados, os mesmos não respondem às expectativas.


 


            Quais serão os objetivos da Funasa com a saúde dos povos Indígenas? Especialmente os Xavantes. É fazer política de saúde ou Política com a saúde deste povo?


 


             


 


 


Conselho Indigenista Missionário


Regional Mato Grosso


 

Fonte: Cimi MT
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