17/02/2009

Povo Guarani Kaiowá realiza encontro para discutir problemas em Dourados

Os Kaiowa-Guarani de Mato Grosso do Sul realizarão um Aty Guasu nos dias 26, 27 e 28 de fevereiro no município de Amambaí para analisar entre outros temas o problema da crise de administração na FUNAI de Dourados. Porém já enviaram uma mensagem dizendo que com ou sem a atual administradora não vão abrir mão da demarcação de suas terras.


 


O movimento do povo Kaiowa-Guarani se prepara para mais um Aty Guasu, (grande encontro) de lideranças políticas e religiosas, de professores, vereadores indígenas, agentes de saúde, crianças, etc. O tema principal desta vez vai ser buscar uma definição ao problema que afeta a administração da FUNAI de Dourados/MS, cuja chefa atual, Margarida Nicoletti, é questionada por um grupo de lideranças indígenas, que pedem o afastamento da mesma e a nomeação de um indígena como novo administrador da entidade.


 


Por outro lado um grupo maior de lideranças fez uma reunião em 03 de fevereiro último, ocasião em que decidiram chamar o Aty Guasu para que seja decidido nessa instância, por meio da vontade da maioria das lideranças de todas as aldeias, a continuidade ou não de Nicoletti como administradora da FUNAI de Dourados.


 


Embora este grupo maior apóie a chefe atual e já enviou uma nota a Brasília para Marcio Meira, presidente da FUNAI, pedindo a permanência de Margarida na instituição, o grupo que pede seu afastamento continua acampado frente da FUNAI de Dourados como medida de pressão para conseguir o objetivo.


 


O problema já transcendeu as fronteiras de Mato Grosso do Sul e virou noticia nacional pelo drama causado pela fome nas aldeias, tendo em conta que desde a ocupação da FUNAI por parte das lideranças contrariados com Margarida Nicoletti, a instituição deixou de distribuir cestas básicas em todas as aldeias Kaiowa-Guarani espalhados na região sul do estado.


 


Reestruturação


 


As lideranças que querem a continuidade de Margarida colocaram, embora, condicionamentos para seguir apoiando a atual administração da FUNAI em Dourados. Em nota enviada ao presidente da FUNAI Marcio Meira, 26 lideranças das aldeias do cone sul de MS e vereadores indígenas Kaiowa-Guarani ressaltaram que “além da permanência da atual administradora queremos a definição das políticas que precisam ser implementadas pela FUNAI, bem como mais funcionários para que estas políticas possam ser executadas”.  Entre as mudanças pedem “a estruturação da regional da FUNAI de Amambaí e ampliação de regionais para Antonio João, Paranhos e Iguatemi e novos administradores nas regionais e que os mesmos sejam escolhidos no Aty Guasu, visto que os atuais não têm cumprido seu papel”.


 


Demarcação em jogo


 


As lideranças que apóiam Margarida denunciaram que a ocupação da FUNAI pelo grupo de indígenas não representam o sentimento da maioria do povo Kaiowa-Guarani e que existe “interesses políticos dos não índios que querem prejudicar a atual administração”. Na reunião de lideranças no dia 3 de fevereiro em Dourados este grupo enviou uma mensagens à sociedade com a seguinte reflexão: “Tem grupo vinculado ao agronegócio que quer confundir aos indígenas e criar briga entre nós, achando que derrubando Margarida nos vamos esquecer a luta pela demarcação de nossas terras. Independente de Margarida, demarcação quem vai fazer são os Kaiowa-Guarani”.


 


 


 

Fonte: Cimi MS
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