INDÍGENAS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NA COLÔMBIA
Brasília, 13 de fevereiro de 2009 – Equipes do Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados (ACNUR) na Colômbia estão prestando assistência a
cerca de 200 indígenas chegaram em vilas remotas do sudoeste do país após
fugirem da violência em seu território. Na última terça-feira, o ACNUR havia
solicitado uma rigorosa investigação sobre o assassinato de 17 indígenas da
etnia Awá, ocorrido em Telelembi Tortugaña, uma das mais isoladas e
conflituosas regiões do país.
Segundo informou em Genebra o porta-voz do ACNUR, Ron Redmond, duas equipes
da agência da ONU para refugiados chegaram ontem às vilas de Samaniego e
Buenavista, onde os cerca de 200 indígenas se encontram.
“Os indígenas estão em com a saúde comprometida, após uma difícil caminhada
em uma região cheia de minas anti-pessoais. Muitas crianças mostram sinais
crônicos de desnutrição, e a infra-estrutua em Buenavista é muito limitada”,
afirmou Redmond, lembrando que a entidade governamental responsável por
assistir pessoas deslocadas já está na região e começará a coordenar a
entrega de suprimentos aos indígenas. Em Samaniego, segundo Redmond, a
assistência humanitária já está sendo prestada.
Representantes da etnia Awá solicitaram aos deslocados que deixem as vilas o
mais rápido possível e procurem locais mais seguros mais ao sul, onde a
comunidade Awá está organizada para recebê-los. “Apesar dos esforços das
autoridades para chegar ao local do massacre, até agora nenhum instituição
civil conseguir entrar na área, e os corpos dos 17 indígenas presumidamente
morte ainda não foram encontrados”, afirmou Redmond. Na última quarta-feira,
novos relatos indicavam que outros 13 Awá teriam sido mortos em um
território conhecido como El Sandal.
De acordo com o porta-voz do ACNUR, a agência da ONU para refugiados reitera
a necessidade de uma ampla investigação judicial e solicita a todas as
partes envolvidas o respeito à lei humanitária internacional.
“Pedimos ao governo da Colômbia que cumpra suas obrigação de proteger a
população civil”, afirmou Redmond, durante briefing a jornalistas em
Genebra.
A morte dos indígenas aconteceu no departamento (estado) de Nariño,
localizada na costa do Oceano Pacífico e próximo à fronteira com o Equador.
O estado é um dos mais afetados pelo conflito armado na Colômbia e
registrou, nos últimos dois anos, os maiores índices de deslocamento forçado
do país.
Com cerca de 21 mil pessoas, os Awá formam a maior etnia indígena naquela
parte da Colômbia e sofrem com a presença de grupos armados em seu
território, sendo constantemente ameaçados, perseguidos, assinados e
forçados a se deslocar. O escritório do ACNUR em Nariño tem trabalhado com
os Awá, que tem lutado para se manter fora do conflito colombiano – como
outros grupos indígenas do país.
Existem 87 diferentes grupos indígenas na Colômbia, sendo que mais de um
terço deles estão em risco de extinção devido aos conflitos armados e ao
deslocamento forçado. Na Colômbia, estão registrados cerca de 2,8 milhões de
deslocados internos – 300 mil só em 2007.
O ACNUR possui 12 oficinas na Colômbia, colabora com o governo na proteção
da população civil e trabalha com organizações indígenas em todo o país.
Informações adiconais com o ACNUR em Bogotá (Marie-Hélène Verney / celular
+57.312.457.2804) ou em Genebra (William Spindler / celular +41
22 739 8332).
Luiz Fernando Godinho