Agricultor morre no canteiro de obras da barragem Moinho
Na tarde de ontem (29/01), o agricultor João dos Santos, morador do município de Barracão (RS), morreu no canteiro de obras da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Moinho, aos olhos de policiais que lá estavam. Segundo testemunhas, o agricultor morreu afogado ao tentar atravessar o rio Bernardo José. No local não havia equipamentos de resgate e o corpo ainda não foi encontrado.
A PCH Moinho é de responsabilidade da Engevix S.A, e está localizada no rio Bernardo José, entre as cidades de Barracão e Pinhal da Serra, no Rio Grande do Sul. A empresa ENGEVIX S.A é a mesma que fraudou o estudo de impacto ambiental (EIA) da barragem de Barra Grande, quando escondeu a existência de seis mil hectares de mata primária, principalmente araucárias.
Neste mesmo canteiro, os atingidos pela barragem, organizados pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) estão acampados desde dezembro de 2008. Eles reivindicam indenizações justas para as famílias. Porém, na última terça-feira cinco agricultores foram presos e tiveram seus barracos destruídos pela brigada militar. Além disso, os policiais foram até os lotes dos agricultores que ainda não foram expulsos e soltaram os animais que comeram toda a plantação dos atingidos.
O MAB, “Lamenta que mais uma família esteja sofrendo. Desde que estas grandes empresas construtoras de barragens vieram se instalar aqui na nossa região, só tem acontecido coisa ruim para a população. Pessoas sendo expulsas das suas terras e do seu trabalho, prisões e criminalização daqueles que lutam contra estas injustiças, mortandade de peixes, desmatamento, fechamento de escolas, estradas, esfacelamento de comunidades”.
Apesar da tragédia os atingidos decidiram manter o acampamento e estão convocando toda a sociedade da região para participar de um grande ato publico de repúdio às barragens no dia 16 de fevereiro, em Pinhal da Serra.