Indígenas Guajajara interditam Casai no Maranhão
Nós, agentes de saúde, agentes de saneamento, professores, caciques e lideranças indígenas do Povo Guajajara da Terra Indígena Araribóia, reunidos na aldeia Juçaral na ocasião da oficina sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), realizada de 03 a 04 de novembro de 2008, pelo Departamento de Atenção às DST/AIDS da Secretaria de Estado de Saúde do Maranhão (SÉS/MA) e Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígena do Maranhão (COAPIMA), com a colaboração do Mestrado em Saúde e Ambiente da Universidade Federal do Maranhão (MSA/UFMA) e do Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão (DSEI-MA) da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), diante da gravidade da situação de desassistência à saúde das comunidades indígenas do Maranhão especialmente na Terra Indígena Araribóia; diante da morosidade das medidas que vêm sendo anunciadas pelo DSEI-MA e pela FUNASA para superar essa situação, vimos informar às autoridades responsáveis, que decidimos, para o enfrentamento dessa situação, interditar as Casas de atenção à saúde indígena “Casais” de Imperatriz e de Amarante do Maranhão, por absoluta falta de condições de funcionamento: água, saneamento, infra-estrutura, medicamentos, alimentação, transporte e profissionais de saúde de nível superior.
Esta interdição visa exigir dos responsáveis:
ü A construção imediata do pólo de saúde indígena de Amarante do Maranhão;
ü A construção imediata da Casai de Imperatriz; (apesar de já ter sido determinada pelo Ministério Público Federal multa diária à FUNASA enquanto estas situações do pólo de Amarante do Maranhão e da Casai de Imperatriz, esta ainda não se manifestou)
ü A perfuração imediata dos poços artesianos, conforme compromisso já assumido pelo Departamento de Saneamento da FUNASA, nas aldeias: Buracão, Nova Cabeceira, Lagoa do Manezinho, Marajá, Kaa´té, Cigana, Caititu;
ü A instalação de equipamentos da rede de distribuição de poços já perfurados nas aldeias: Lagoa Quieta, Juçaral, Canudal, Guaruhu e Novo Funil;
ü A perfuração de poços artesianos, instalações dos equipamentos da rede de distribuição nas aldeias: Chapadinha, Bela Vista, Três Lagoas, Bom Jardim, Cabaça, Buritirana, Cafeteira, Serrinha, Barreiro, Angelim, Genipapo dos Ribeiros, Placa, Brejinho, Tamburi;
ü A capacitação técnica dos agentes de saneamento, que serão contratados;
ü Maior agilidade na conclusão da construção dos postos de saúde em andamento;
ü A construção da Casai de Bom Jesus das Selvas;
ü A criação de um Distrito Sanitário Especial Indígena, com sede em Imperatriz, para atender a população da região tocantina, com automonia política, financeira e Administrativa (a designação do chefe do DSEI deve ser pactuada e passar aprovação de seu Conselho Distrital, a ser instalada ainda antes da implementação deste Distrito).
ü A regularização trabalhista dos profissionais de saúde que atuam junto às comunidades indígenas;
Ressaltamos que todas estas medidas se impõem em caráter emergencial, pois delas depende diretamente o enfrentamento de várias endemias consideradas sob controle pelos programas de governo: hepatite, verminoses, diarréias infecciosas, doenças imuno-previníveis.
Diante do exposto, exigimos providências imediatas.