Colômbia: indígenas recebem apoio de outros setores sociais
Organizações sociais colombianas, entre elas a Grande Coalizão Democrática, a Federação Colombiana de Educadores (Fecode) e a Central Unitária de Trabalhadores (CUT), realizarão amanhã (23) uma paralisação nacional junto com uma mobilização, em Bogotá, partindo da Praça de Toros até a Praça de Bolívar. Os manifestantes exigem dignidade no trabalho e protestam contra a criminalização dos movimentos sociais.
Segundo as organizações, nos últimos dois meses, as forças sociais do país estão mobilizando-se contundentemente. No departamento de Cauca, vinte mil indígenas, após resistir os ataques e a repressão por parte do Estado, estão marchando em direção a Cali para exigir o respeito a seus territórios, a sua cultura e a seus direitos. Cortadores de cana continuam a paralisação iniciada no dia 15 de setembro por condições dignas de trabalho. Trabalhadores do setor judicial e caminhoneiros também estão protestando contra o governo.
A paralisação nacional de amanhã também é um protesto contra os acordos de livre comércio com os Estados Unidos implementados por Álvaro Uribe. O governo chegou a admitir que os protestos sociais estavam dificultando a realização dos acordos. Segundo os movimentos populares, o governo responde com repressão e difunde a idéia de que a organização e as exigências dos trabalhadores são alentadas por terroristas.
“Porém, os trabalhadores persistem, e é por isso que convocam à paralisação, cujas razões fundamentais são: derrogatória da comoção interior e respeito às liberdades sindicais; revisão salarial para todos os trabalhadores colombianos; soluções aos atuais conflitos sindicais e sociais como o dos cortadores indígenas, professores e demais empregados públicos”, afirmam na convocatória.
O governo colombiano, por meio do ministro do Interior e de Justiça, Fabio Valencia Cossio, disse que vai dar todas as garantias para os participantes das manifestações de amanhã. No entanto, não aceitará ações violentas ou ingerência de grupos armados e à margem da lei. Segundo o ministro, caso os protestos ultrapassem os limites, o Estado deverá tomar as medidas previstas na Constituição e nas leis para restabelecer a ordem.
Desde a última terça-feira, indígenas e camponeses continuam seu percurso para unir La María, Piendamó, com a cidade de Cali, capital do departamento de Cauca. A marcha começou após diversas ações contra os moradores da região, que deixaram um saldo de pelo menos um morto e mais de 120 feridos. A Minga Nacional de Resistência Indígena denunciou que os camponeses e os indígenas foram atacados e reprimidos pelo Exército da Colômbia e pelo Esquadrão Móvel Antidistúrbios da Polícia.
Os manifestantes exigem o cumprimento dos cinco pontos apresentado a autoridades há quatro anos. Trata-se do acesso à terra, do respeito dos direitos indígenas, do fim da violência contra as comunidades, do rechaço aos Tratados de Livre Comércio e do repúdio às leis que permitem a exploração dos bens comuns. Eles quem também a investigação e o julgamento dos responsáveis por ameaças, perseguições e agressões às comunidades ocorridas nos últimos dias.