Nota Pública de apoio à luta pela terra dos povos indígenas no sul da Bahia
A determinação da Polícia Federal de executar as liminares de
reintegração de posse das áreas retomadas pelos Tupinambá, no sul da
Bahia, compromete a integridade física e a subsistência deste povo
indígena. No ultimo dia 20, três Tupinambá da Serra do Padeiro
resultaram feridos em confronto com agentes da PF, que ali se
encontravam para mapear as áreas a serem reintegradas.
A operação da Polícia Federal foi ensejada pela extinção do prazo de
cento e oitenta dias concedido pelo TRF da 1ª Região, suspendendo,
nesse ínterim, a execução do cumprimento das liminares de reintegração
para que a FUNAI finalizasse o relatório de identificação da Terra
Indígena Tupinambá de Olivença. Como isso não ocorreu até o presente,
os Tupinambá encontram-se na iminência de terem subtraídas áreas
plenamente ocupadas e produtivas de seu território, essenciais à sua
subsistência econômica e à sua reprodução sócio-cultural. Na semana
passada, a PF cumpriu, para desespero dos índios ali residentes, dois
mandados de reintegração de posse, em áreas situadas em Olivença, no
município de Ilhéus e, no dia de hoje, mais uma foi executada na
aldeia Tucum, na região do Parque de Olivença. Nas áreas retomadas
pela comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro há, inclusive projetos
agrícolas e edificações (casas de farinha, escolas) implementados com
recursos provenientes do Governo Federal, repassados pelo MDA e pelo
MMA. Os índios dessa comunidade, representados pelo cacique Babau,
estão dispostos a resistir a qualquer custo. Nas atuais
circunstâncias, um confronto de graves proporções com a Polícia
Federal se afigura como inevitável. Em 18 do mês em curso, as
comunidades indígenas de Olivença emitiram uma nota pública
salientando a gravidade da situação – pois muitas famílias dependem e
vivem exclusivamente dos frutos da terras retomadas, muitos delas com
ocupação indígena consolidada de mais de seis anos- e solicitando das
autoridades agilidade no equacionamento do processo de regularização
do seu território tradicional. Urge que a FUNAI consiga um novo
adiamento da execução das liminares de reintegração de posse e conclua
finalmente o relatório de identificação da TI Tupinambá!
Assinam: CIMI, ANAÍ, CPT, APOINME, Pastorais Sociais da Diocese de
Itabuna, Conselho de Cidadania, SINDSEF-Itabuna