21/10/2008

Nota Pública de apoio à luta pela terra dos povos indígenas no sul da Bahia

 


A determinação da Polícia Federal de executar as liminares de


reintegração de posse das áreas retomadas pelos Tupinambá, no sul da


Bahia, compromete a integridade física e a subsistência deste povo


indígena. No ultimo dia 20, três Tupinambá da Serra do Padeiro


resultaram feridos em confronto com agentes da PF, que ali se


encontravam para mapear as áreas a serem reintegradas.


 


A operação da Polícia Federal foi ensejada pela extinção do prazo de


cento e oitenta dias concedido pelo TRF da 1ª Região, suspendendo,


nesse ínterim, a execução do cumprimento das liminares de reintegração


para que a FUNAI finalizasse o relatório de identificação da Terra


Indígena Tupinambá de Olivença. Como isso não ocorreu até o presente,


os Tupinambá encontram-se na iminência de terem subtraídas áreas


plenamente ocupadas e produtivas de seu território, essenciais à sua


subsistência econômica e à sua reprodução sócio-cultural. Na semana


passada, a PF cumpriu, para desespero dos índios ali residentes, dois


mandados de reintegração de posse, em áreas situadas em Olivença, no


município de Ilhéus e, no dia de hoje, mais uma foi executada na


aldeia Tucum, na região do Parque de Olivença. Nas áreas retomadas


pela comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro há, inclusive projetos


agrícolas e edificações (casas de farinha, escolas) implementados com


recursos provenientes do Governo Federal, repassados pelo MDA e pelo


MMA. Os índios dessa comunidade, representados pelo cacique Babau,


estão dispostos a resistir a qualquer custo. Nas atuais


circunstâncias, um confronto de graves proporções com a Polícia


Federal se afigura como inevitável. Em 18 do mês em curso, as


comunidades indígenas de Olivença emitiram uma nota pública


salientando a gravidade da situação – pois muitas famílias dependem e


vivem exclusivamente dos frutos da terras retomadas, muitos delas com


ocupação indígena consolidada de mais de seis anos- e solicitando das


autoridades agilidade no equacionamento do processo de regularização


do seu território tradicional. Urge que a FUNAI consiga um novo


adiamento da execução das liminares de reintegração de posse e conclua


finalmente o relatório de identificação da TI Tupinambá!


 


Assinam: CIMI, ANAÍ, CPT, APOINME, Pastorais Sociais da Diocese de


Itabuna, Conselho de Cidadania, SINDSEF-Itabuna

Fonte: Cimi
Share this: