Líderes indígenas protestam contra assassinatos ocorridos em Pernambuco
No dia 25 de setmebro, nas margens do rio Capibaribe, em Recife, de frente ao monumento Tortura Nunca Mais, na praça Pe. Antonio Henrique o povo Truká junto com representações dos povos indígenas de Pernambuco, Alagoas e Sergipe concentram-se para iniciar uma manifestação com os seguintes objetivos:
– celebrar a memória de Mozernir Truká, assassinado no dia 23 de agosto;
– protesto contra os processos de criminalização das lideranças indígenas;
– caminhar até a sede do Governo do Estado de Pernambuco para uma audiência com o Governador
Cerca de 150 indígenas com integrantes de entidade aliadas (CIMI, CCLF, MNDH) concentraram-se em frente ao monumento que presta uma homenagem aos presos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar. O monumento apresenta o corpo de um homem nu em posição da tortura de pau-de-arara. Seu rosto virado para o rio em sinal de protesto. Os povos indígenas no Brasil sofrem perseguições, prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos desde o século XVI.
De frente ao corpo indefeso e torturado os índios Truká e seus parente dança o Toré, invocando os Encantados de Luz força e esperança, vigor e valentia nos enfrentamentos das perseguições e violência, especialmente por parte do Estado.
A voz dos maracás, o Toré, os índios, os Encantados caminhando pelas ruas do Recife, rompendo sinais fechados, caminhando na contra-mão do sistema marcado pela corrupção e violência.
Em frente ao Palácio do Governador um cordão de policial impede a entrada dos índios manifestantes. Novamente os Encantados são invocados com o Toré:
“Ô einaeina einaênaô (bis)
Ô einaeina einaênaô (bis)
Eu cheguei agora
Nesta nova aldeia (bis)
Eu vim do meu reinado
Foi Deus quem mandou (bis)
Viva meus caboclos
Que eles são guerreiros (bis)
Ô einaeina einaênaô (bis)
Ô einaeina einaênaô”(bis)
Depois todos os índios e aliados foram convidados a entrar no Palácio do Governo e foram recebidos pelo Secretário de Direitos Humanos e pelo secretário Adjunto de Segurança.
Neguinho Truká diz: “Meu povo não agüenta mais ver nosso sangue derramado. O Estado deve tomar providências. Um Estado democrático não pode ficar conivente com os maus policiais”. Neguinho expõe que o povo Truká vem sendo vítima de um processo de criminalização e assassinatos, vários deles os autores são policiais militares. Vânia, viúva de Mozenir pede que o Estado “tenha um olhar melhor para a Ilha (Ilha da Assunção, Território Truká). Não permita que o caso de Mozenir seja mais um caso”, e chora. O cacique Marcos Xukuru faz um relato do processo e violência e criminalização que vem sofrendo os povos indígenas no Brasil, destacando os povos de Pernambuco. “Estou ameaçado de morte; ando escoltado com dois policiais. Sofri um atentado em 2003 onde dois índios jovens foram assassinados. Lutamos pela melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas”.