Carta do Seminário contra a privatização do rio Madeira e pela soberania da Amazônia
Nós, participantes do Seminário contra a privatização do rio Madeira e pela soberania da Amazônia, promovido pela Via Campesina (MAB, MST, MPA), em parceria com diversas entidades sócio-ambientais e culturais da região: IMV, ADA AÇAÍ, CIMI, Rede de Educação Cidadão, MHF, Rede Brasil sobre Instituições Multilaterais, Lideranças Campesinas de Cachoeira Esperanza, Pando (Bolívia), CJP, Kanindé e comunidades ribeirinhas, entre os dias
DENUNCIAR:
1. O Complexo Madeira não beneficia a população brasileira, pois está à serviço das Grandes Empresas Multinacionais. O Governo Brasileiro por sua vez, está a serviço das grandes empresas transformando prioridades privadas em prioridades “nacionais”. São as empresas eletrointensivas e o agronegócio as principais beneficiárias dos projetos previstos no PAC – Programa de Aceleração do Crescimento e na IIRSA – Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana.
2. O Povo brasileiro é quem pagará por esta conta com dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES
3. As famílias enganadas por falsas negociações isoladas estão sendo expulsas de suas Comunidades, na área do canteiro de obras, com a queima, derrubada e desmonte de casas, algumas famílias remanejadas para hotéis
4. O Rio Madeira está em fase de privatização, até o trânsito de canoas está sendo proibido, causando transtorno às famílias que diariamente navegam transportando produção e familiares;
5. O preço cobrado pela energia consumida pelo povo brasileiro é um roubo;
6. Os Estudos de Impacto Ambiental aprovados, amplamente questionados, inclusive por técnicos do próprio IBAMA, Ministério Público Federal e sociedade civil, por suas fragilidades técnicas, e escondem as conseqüências sócio-ambientais para toda a bacia hidrográfica do Rio Madeira afrontando a soberania dos povos da Bolívia e Peru;
7. Toda a energia gerada com as águas do Madeira, ira ser transportada por linhão e não beneficiará os povos da grande Amazônia como tem sido divulgado pelos interessados nas obras;
8. Água e Energia não devem ser Mercadorias…e…
REAFIRMAR:
a. Nosso compromisso de atuar no processo de formação e informação junto à toda população, em especial junto às famílias atingidas, aos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, juventude, em escolas, igrejas, para fortalecer nossa luta;
b. Importância de juntar todos os esforços e forças sociais em defesa do Rio Madeira, dos povos que dele dependem e da Soberania da Amazônia, nos níveis: local, estadual, regional, nacional e internacional;
c. Intensificar a Defesa dos Direitos fundamentais das populações ameaçadas e atingidas, utilizando as mais diversas formas de luta, mobilização de rua e instituições de defesa dos Direitos Humanos;
d. Nosso compromisso é com a luta popular, em especial a luta em defesa do Rio Madeira, contra as hidrelétricas e hidrovia no Rio Madeira; contra os altos preços da energia; em favor da melhoria da qualidade de vida das comunidades indígenas, ribeirinhas e urbanas;
e. O caminho para a busca de solução dos nossos problemas passa pela nossa organização e luta;
f. Esta é uma luta de todas e todos, para além das barrancas e fronteiras geográficas do Madeira, daqueles e daquelas que almejam construir uma sociedade justa, igualitária e solidária, e que estejam a serviço da Vida.
ÁGUAS PARA A VIDA, NÃO PARA A MORTE!
Porto Velho – RO, 18 de Setembro de 2008.