Cimi Norte I repudia “Marcha para Roraima”
MARCHA DOS PRODUTORES REPRESENTA AMEAÇA
PARA COMUNIDADES INDÍGENAS DE RR
O Conselho Indigenista Missionário – CIMI, Regional Norte I (AM/RR), vêm a público repudiar a “Marcha para Roraima” promovida por latifundiários e dirigentes de empresas vinculadas aos agronegócios. Esses personagens são responsáveis diretos pela devastação de grandes áreas de floresta e outros casos de destruição do meio ambiente e violências contra indígenas e pequenos produtores de vários estados.
Conforme notícias divulgadas pela imprensa, eles pretendem, no estado de Roraima, sair da capital Boa Vista até o município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, num trajeto de 210 quilômetros, onde existem várias comunidades indígenas vulneráveis em caso de agressão quando da passagem da referida marcha. Consideramos de extrema importância que os órgãos de segurança pública, especialmente a Polícia Federal, estejam presentes nas comunidades para inibir provocações e possíveis ataques contra as comunidades. Tal preocupação resulta da constatação de que várias aldeias foram invadidas, tiveram casas e retiros de gado incendiados e plantações destruídas por funcionários das fazendas de arroz instaladas na terra indígena Raposa Serra do Sol.
O movimento dos latifundiários dos agronegócios é uma afronta ao estado democrático de direito, pois tem por objetivo apoiar os rizicultores ilegalmente instalados no interior da terra indígena Raposa Serra do Sol, responsáveis por inúmeros atos de violências contra os indígenas. Um dos fatos mais recentes aconteceu em março passado quando rizicultores, comandados pelo prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartieiro, destruíram pontes e atiraram bombas caseiras contra indígenas e agentes da Polícia Federal. No dia 5 de maio, funcionários da fazenda “Depósito”, de propriedade de Quartieiro, atacaram e feriram dez indígenas com bombas caseiras e armas de fogo em Surumu.
Esse mesmo movimento representa uma tentativa de influenciar os ministros do Supremo Tribunal Federal – STF, que dentro de alguns dias julgarão ações do Governo do Estado de Roraima contra a homologação da terra Raposa Serra do Sol.
O Cimi Norte I, nesta oportunidade, reafirma seu apoio à luta e à vida dos povos Makuxi, Wapichana, Ingaricó, Taurepang e Patamona, habitantes seculares daquela terra, e repudia toda forma de agressão e desrespeito aos direitos indígenas.
Manaus (AM), 14 de agosto de 2008.
CIMI NORTE I (AM/RR)