Terra, Direitos e Estatuto dos Povos Indígenas – Ricardo Verdum – Inesc
Se uma pessoa chegasse a Brasília neste mês de agosto desconhecendo a tradição indigenista oficial no país, muito provavelmente pensaria que por aqui havia sido abandonado o velho indigenismo integracionista interamericano. O mesmo indigenismo que, em 1940, em Pátzcuano (México), por ocasião do 1º Congresso Indigenista Interamericano, definiu o dia 19 de abril como o “Dia do Índio”.
Nosso visitante pensaria, talvez, que o Brasil havia finalmente adotado como data de referência o dia 9 de agosto, proclamado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em dezembro de 1993 como o “Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo”. Esta data é comemorada internacionalmente desde 1995, mesmo ano em que foi lançada a Década Internacional dos Povos Indígenas do Mundo, com a meta de fortalecer as ações voltadas para a solução dos problemas enfrentados pelos povos indígenas no campo dos direitos humanos, da educação, da saúde, do meio ambiente e do desenvolvimento econômico e social.
Nosso visitante pensaria isso porque, se não estou enganado, não houve um mês de agosto como este, nos últimos vinte anos, tão repleto de atividades públicas (governamentais e não-governamentais) relacionadas com a promoção e a proteção dos direitos humanos dos povos indígenas no país.
Mas esta situação tem uma razão de ser: nunca, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, os direitos dos povos originários estiveram tão ameaçados quanto agora parecem estar. E isto não somente para o caso dos povos que vivem na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, hoje acossados por fazendeiros do agronegócio e por seus fiéis aliados políticos e militares. No Congresso Nacional, estão tramitando vários projetos de lei e de emenda constitucional que visam promover a integração acelerada dos territórios indígenas em estratégias empresarias de usurpação e exploração econômica dos recursos naturais neles disponíveis.
Além de liberar os territórios já reconhecidos pelo Estado das “restrições” hoje existentes na legislação, várias proposições legislativas pretendem criar barreiras político-administrativa
A seguir, apresentamos resumidamente as principais atividades programadas para este mês de agosto:
De
Simpósio Internacional “Povos Indígenas e Poder Político na América Latina”
Organizado pelo Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (CINEP) em parceria com o Departamento de Antropologia da UnB, o simpósio acontece nos período de
Lançamento do Observatório de Direitos Indígenas
Vinculado ao Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (CINEP) e à Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), o lançamento oficial do Observatório de Direitos Indígenas – ODIN acontece no Auditório Dois Candangos, Campus Universitário Darci Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB), no dia 15 de agosto de 2008, às 17:00 horas. O Observatório tem por objetivo instrumentalizar os advogados indígenas para atuarem junto às comunidades no âmbito local, nacional e internacional.
Além dessas atividades, está previsto para este mês de agosto uma intensa agenda de atividades em Brasília e em outras localidades no país, organizada pelas principais organizações indígenas e por movimentos sociais solidários com a luta em defesa dos direitos dos povos indígenas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. O principal objetivo da mobilização é chamar a atenção da sociedade e do Estado nacional para o equívoco da decisão do Supremo Tribunal Federal de colocar em questão a homologação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.