28/05/2008

Caos no atendimento à saúde mobiliza os povos indígenas no PR

Lideranças dos povos indígenas Kaingang, Guarani e Xetá de todo o estado do Paraná ocuparam a sede da FUNASA, em Curitiba, na tarde de ontem, 27 de maio, para denunciar o caos vigente no atendimento à saúde nas aldeias paranaenses.


 


Segundo informações prestadas por algumas lideranças, os funcionários contratados pela FUNASA e pela prestadora de serviço terceirizada estão sem receber há quatro meses. Além disso, o fornecimento de medicamentos foi cancelado devido ao não pagamento, desde janeiro de 2008, às farmácias conveniadas. Com isso, os postos de saúde localizados nas aldeias estão totalmente desabastecidos. As concecionárias, por sua vez, avisaram que irão recolher os veículos alugados à FUNASA para atendimento nas aldeias, pois estariam, há meses, sem receber o aluguel.


 


Ainda de acordo com os indígenas, a REIMER, ONG que presta serviço para a FUNASA junto às comunidades indígenas, se defende dizendo que ainda não recebeu os repasses previstos no convênio neste ano de 2008. A FUNASA, por sua vez, tenta justificar-se afirmando que o cancelamento dos repasses de recursos deve-se a problemas na prestação de contas feito pela terceirizada no ano de 2007.


 


Desavenças a parte, os povos indígenas são, mais uma vez, as maiores vítimas da situação. Conceição da Silva, da T.I. São Jerônimo da Serra, desabafou dizendo que, “se nada for feito, nossas crianças vão morrer por falta de atendimento”. Essa previsão já se confirmou na T.I. Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, onde uma criança faleceu, há uma semana, devido a uma diaréia não tratada devidamente.


 


A situação vivida pelos povos indígenas no estado do Paraná, constitui-se em mais um exemplo público do completo fracasso da política de terceirização dos serviços de atendimento à saúde indígena no Brasil. Demonstra também a falta de compromisso do Governo Federal para com os povos indígenas no Brasil.


 


A não liberação dos escassos recursos destinados às políticas públicas, neste caso à saúde indígena, prejudicando as populações mais vulneráveis social e economicamente, contrasta drástica e vergonhosamente com os gigantes esforços impetrados no intuito de implementar o Programa de Aceleração do Crescimento que, como sabemos, beneficia fundamentalmente os grupos econômicos mais abastados deste país.


 


De acordo com o cacique Neoli Kaingang da Terra Indígena Boa Vista, localizada em Laranjeiras do Sul, no centro oeste paranaense, a ocupação é por tempo indeterminado e deverá se estender até a FUNASA regularizar o atendimento à saúde indígena no estado.


 


 


Guarapuava, 27 de maio de 2008


 


 


CIMI Sul, Equipe Paraná.

Fonte: Cimi - equipe Paraná
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