12/05/2008
Nota de Repúdio
Nota de repúdio
Nós movimentos sociais que compõe a Via Campesina Pará (MAB, MPA, MST, MMC, FEAB, ABEEF, Consulta Popular, Pastorais Sociais – PJR, CIMI, CPT, CPP, Cáritas Brasileira ) em conjunto com outras tantas organizações, viemos a muito tempo questionando esse modelo de crescimento econômico adotado, baseado na expropriação de trabalhadores de suas terras, na usurpação das riquezas naturais, na acumulação privada dos bens e serviços, e acima de tudo, questionando essa política cruel e podre sobre todo o território brasileiro, e sobretudo, em solos Amazônicos , a mando do grande capital nacional e internacional. Tais ações do grande capital tem demonstrado uma completa conivência do Estado Brasileiro, que ao invés de agir em prol de seu povo, na busca da soberania nacional, legitima e por conseguinte, rege as leis para favorecer meia dúzia de capitalistas.
Esse questionamento se dá através de uma leitura comum sobre o problema e sobre os inimigos, e tem se evidenciado na luta concreta, pela posse e resistência na terra, de povos ribeirinhos, quilombolas, indígenas, sem terras, garimpeiros e assim por diante, pela luta contra os grandes complexos hidrelétricos, pela luta contra a desigualdade de gênero e classe, pela resistência aos grandes monocultivos do agronegócio, contra a usurpação da biodiversidade Amazônica e tantas outras ações.
Diante deste cenário de completo descaso do Estado, e a ofensiva cada vez maior do grande capital sobre nosso território, o povo organizado e fazendo luta, tem demonstrado grandes sinais de resistência, e acima de tudo, disposto a lutar, propor e construir outro projeto de desenvolvimento, pautado no respeito social, ambiental, cultural, político e econômico da população como um todo. Muitos sinais dessa resistência tem causado uma reação contrária ao povo, evidenciado em requintes de muita crueldade, inclusive de eliminação física de muitos companheiros e companheiras, que lutaram e continuam lutando em prol de outra sociedade, mais soberana e mais justa ao povo oprimido.
Diante disso, viemos por meio deste, externar o nosso repúdio a ação dos fazendeiros, da chamada “justiça brasileira”, do Estado brasileiro e da direita como um todo, na absolvição do Fazendeiro responsável pela morte da Missionária Dorothy Stang. Mais uma vez se demonstrou que a direita assume o controle do Estado, da “Justiça Brasileira” e de todas as estruturas necessárias para garantir sua exploração, legitimando seu projeto de exclusão social.
Tal atitude fortalece ainda mais o grau de impunidade no campo brasileiro e Amazônico, tensionando ainda mais os conflitos existentes, colocando o povo a mercê de milícias armadas, sem nenhum aparato legal que garanta seus direitos, e a condenação dos culpados por tais atrocidades.
Por fim, tais atitudes da direita e do grande capital, fortalecem ainda mais o desafio da necessidade de continuarmos nessa luta, construindo organizações fortes e sólidas, que garantam a resistência, bem como, a construção de um novo projeto de sociedade. A morte de muitos militantes, homens e mulheres que ajudaram a construir uma etapa dessa luta, não pode ficar no esquecimento, deve servir de alimento e de rebeldia organizada para que possamos construir a utopia que nos alimenta.
Continuemos firmes nessa luta, não percamos de vista a utopia que nos alimenta, não esqueçamos do sangue derramado desses militantes, e que este sirva de alimento contra todas as injustiças cometidas contra o povo, contra a terra, contra a água e contra a vida de todos e todas.
Contra o imperialismo, soberania popular na Amazônia!
Marabá, 08 de maio de 2008
Via Campesina Pará – (MAB, MPA, MST, MMC, FEAB, ABEEF, Consulta popular, Pastorais Sociais – PJR, CIMI, CPT, CPP, Cáritas Brasileira N2)