Carta de São Mateus
Março de 2008
Reunida no CEFORMA, nos dias 28/02 a 02/03/2008, em encontro estadual, com Camponeses/as, Sem Terra, Indígenas, Quilombolas e técnicos e profissionais de diversas áreas do conhecimento do ES, e colegas da BA e RJ, a Rede Deserto Verde vem a público declarar seu repúdio à expansão das monoculturas em larga escala do eucalipto e da cana de açúcar em nossos estados, financiada pelo BNDES, pelo governo Lula e por seus sócios da poluição, Paulo Hartung, Sérgio Cabral e Jacques Wagner.
Depois de devastar os territórios indígenas Tupinikim e Guarani e quilombolas, o insustentável modelo agrícola e agrário busca se expandir sobre a agricultura camponesa, disputando as áreas que deveriam ser destinadas à Reforma Agrária, ameaçando a produção de alimentos, os recursos hídricos, na Mata Atlântica, no cerrado, nos campos sulinos, na caatinga e na Amazônia.
O deserto verde também se expande tecnologicamente, nos agrotóxicos de última geração, nas árvores geneticamente modificadas, no mercado de carbono, no etanol de cana de açúcar e de celulose; controlando os centros tecnológicos e disputando os recursos públicos da pesquisa e da universidade brasileira.
As fábricas fecham no Norte, transferindo a poluição para o Sul.
Conclamamos a sociedade civil brasileira, suas redes e fóruns de resistência, para enfrentarmos a expansão do deserto verde, para consolidarmos a vitória indígena Tupinikim e Guarani, para avançarmos na reconquista dos territórios quilombolas, na Reforma Agrária e Agricultura Camponesa; porque insistimos na possibilidade de outra sociedade. Na contra-cultura do eucalipto, vamos somar forças na defesa da autonomia e segurança alimentar, da agroecologia e da sócio-biodiversidade democrática, como os valores e práticas de um outro mundo já em construção.
Rede Deserto Verde ES/BA/RJ