15/02/2008

O desmatamento da Amazônia

 


A Ministra do Meio Ambiente Marina Silva alerta sobre a avalanche do desmatamento na Amazônia nos últimos meses. Isto já era constatado por moradores, peões e todos os que percorriam por esta floresta mãe.


Quem andava por esta floresta amazônica percebia e avistava as grandes derrubadas e queimadas nesta nossa querida e amada terra amazônica. Que bom que isto veio à tona, sempre nos perguntávamos o que está acontecendo, não podemos ignorar tudo isto. Quando conversávamos com os técnicos dos órgãos governamentais, ficávamos vendo as grandes derrubadas, mostradas por técnicos eficientes dos órgãos oficiais, que diziam isto que estamos mostrando, e estaremos levando como denúncias aos superiores para as devidas providências. Até que enfim alguém toma atitude e mostra a verdade, que o povo que anda pela Amazônia estava cansado de saber. A Ministra levou a informação para a reunião ministerial anual do governo Lula, a “notícia” explodiu como uma bomba semelhante à banana de dinamite.


A posição do presidente Lula foi colocada em xeque. Lula sempre defendeu em suas andanças pelo mundo, e são muitas, que o desmatamento no Brasil está controlado. O presidente tenta dizer que isto é um tumor, o desmatamento é na verdade um grande câncer, mas ele não quer acreditar que temos esta doença, temos que dar um basta, temos que buscar outro modelo de desenvolvimento, outro modelo energético. Lula passou por mentiroso para a imprensa nacional e internacional e ficou com a credibilidade comprometida com os organismos de controle ambiental.


Vamos ter presente que nesta região a derrubada é feita nos primeiros meses do ano, (fevereiro a junho) para ter queimadas em agosto. Sempre foram vistas derrubadas sendo feitas em época de pouca fiscalização, entre os meses de setembro até janeiro, para não serem punidos. Outra forma conhecida de destruição aqui na Amazônia é com uso de aeronaves em sobrevôo rasante, com produto que seca a floresta e após fazem a queimada. O CIMI já tem denunciado esta prática destruidora em especial por estar próxima a Terra Indígena, a divisa é o rio e a volta era feita em cima da floresta na terra indígena. Outra forma que já vimos é derrubadas de pequenas árvores criando resíduo para que o fogo possa destruir. Uma terceira forma e destruir a floresta com maquina pesada e inleirar as madeiras Em ambos os casos, sementes de pasto são jogados por aeronaves para ser queimada no ano seguinte e assim tentar esconder a ação criminal do desmatamento. É bom ter presente a “grilagem” de terras públicas que acontecem nas regiões de grandes desmatamentos, quando o IBAMA chega não tem para quem aplicar a multa, pois a terra é da união e ninguém está lá. É só perguntar para o povo da região. Eles contam, as estratégias usadas para despistar e enganar os órgão públicos. É preciso mudar a lei brasileira, e punir com seriedade os destruidores desta rica floresta amazônica.


Outra vez Rondônia, Mato Grosso e Pará, incluímos também à parte sudeste do Amazonas estão entre a vilã da Floresta Amazônica. Vamos ter presente onde está localizada a rota da “grilagem” das terras públicas e então saberão onde está a grande destruição da floresta amazônica, os “predadores” da floresta (produtores de soja, pecuaristas, madeireiros, plantadores de cana, agricultores). Podemos nos perguntar: serão eles? Sabemos que o preço da soja, o incentivo à criação do gado, a construção da usina de álcool, a construção de hidroelétricas estão animando a avalanche da destruição da floresta amazônica, e isto não tem como esconder.  Também podemos citar os inúmeros caminhões de madeiras retiradas ilegalmente das terras indígenas e de outras reservas florestais, extraídas pelos gananciosos exploradores da madeira.  Levados para serrarias ilegais que funcionam clandestinamente em Rondônia. Nos quatros dias de final de carnaval vimos inúmeros caminhões com torras transitando livremente, embora chuva e estradas quase intransitáveis, eram madeiras nobres e segundo os moradores até de castanheira. É só averiguar nas serrarias, onde tudo isto poderá ser constatado. Ainda vemos autoridades, governos, tentando negar esta realidade. É ora de dizer “chega com tanta destruição” para estas autoridades não mais ganharem o voto de confiança dos eleitores, nas eleições.    


O mundo todo se voltou contra a “violência” praticada principalmente pelos mato-grossenses, paraenses, rondonienses e amazonenses contra a indefesa Floresta Amazônica, de que todo mundo quer a preservação. Os povos indígenas nos mostram como é importante viver em harmonia com a natureza, respeitá-la e valorizá-la. É possível sim, a convivência harmônica entre o ser humano, os animais e a floresta. A natureza criada para o bem de todos tem na floresta uma vasta alimentação saudável e com uma riqueza incalculável que não é apreciada pelo “mundo” do agronegócio. A política ambiental de preservação do meio ambiente no Brasil deve ser responsável e coerente. As multas que foram dadas, por um funcionário do IBAMA, que podem ser até elevadas. Depois chega outro funcionário deste mesmo órgão, e transforma a multa em “dever de reflorestar” e quando se volta ao local em que houve a ocorrência que gerou as multas, o único reflorestamento encontrado em certos locais é o capim! Nada mais que isto, a que chamo de absurdo!


O Governo Brasileiro ao dividir o IBAMA em: IBAM, Instituto Chico Mendes e para as SEDAM (secretarias estaduais do meio Ambiente) foi à forma mais truculenta de deixar a Amazônia nas mãos de destruidores. O Ministério do Meio Ambiente ficou sem as rédeas que conduzia a política do respeito à vida da natureza e o trabalho de reduzir a destruição da floresta Amazônica. Foi a partir deste momento que se acelerou a devastação e a entrega da Amazônia nas mãos de gananciosos fazendeiros e plantadores de soja, sem esquecer do incentivo do PAC ao agronegócio e a agroindústria.     


O Zoneamento sócio-econômico-ambiental do Estado de Rondônia, apresentado pelas autoridades locais como sendo a salvação da floresta amazônica, orgulho do estado por ser o primeiro estado brasileiro a ter zoneamento, sabemos que o mesmo não é respeitado, na prática nada mais é do que tapar o sol com a peneira, para enganar as autoridades. Vamos aos fatos é só ver onde está a zona dois que não deve ter grandes derrubadas, grandes fazendas isto no papel é bonito, mas se constata grandes derrubadas grandes pastagens. Vejam na região de Buritis, Núcleo Bandeirante (Porto Velho), Nova Mamoré, Guajará Mirim, Chupinguaia, Pimenta Bueno entre outras. Vejam, citamos outros fatos para termos mais exemplo: a Reserva Florestal Bom Futuro, Reserva Florestal do Jamari e tantas outras. E somando a isto, vamos ter agora a construção das hidroelétricas Santo Antônio e Jirau no Madeira, somando a linha de transmissão desta energia, obras gigantesca do PAC será mais uma grande destruição da floresta amazônica, esta sim por inteira responsabilidade do Governo Federal.


O desmatamento na Amazônia brasileira virou caso de polícia. Gostaríamos que onde fosse averiguado um desmatamento, fosse dada a perda de propriedade. Isto sim inibiria a destruição da floresta amazônica, pois precisa ser reprimido todo o tipo de crimes ambientais.


Também não devemos esquecer que existem na Amazônia mais de 60 povos indígenas isolados que não querem contato com a nossa sociedade. Será que ainda permanece mais de 60, ou alguns foram exterminados junto à destruição da floresta. “Não fazemos contato com tribos isoladas porque vimos quanto é nefasto”, diz a FUNAI. Sem contar que muitas das terras públicas pertencem aos indígenas que foram expulsos de seus territórios tradicionais e que a FUNAI nega este direito não delimitando estas terras indígenas.


Em Rondônia os oito povos que habitam a Terra Indígena Rio Branco encaminharam ao Ministério Público Federal, em 2005 a denúncia contra a construção, pelo grupo Cassol, de uma PCH em cima do cemitério do povo Jabuti. Foi construída esta PCH e está em funcionamento sem que a justiça tomasse providência. Agora outra PCH está sendo projetada no local chamado Cascata, rio Pimenta em cima do cemitério dos Povos Cassupá e Salamãi. Outra denúncia foi encaminhada. Será que a justiça vai deixar construir esta PCH, destruindo outro lugar sagrado dos povos indígenas?  


São inúmeros os povos Indígenas de Rondônia que lutam para ter o direito de habitar em seu território tradicional, dos quais foram expulsos. Porém, o governo brasileiro, através do Ministério da Justiça e da FUNAI, omite este direito aos povos indígenas, ferindo e rasgando a Constituição Brasileira. Também uma Usina de álcool está sendo implantada próximo ao rio Tanaru no território tradicional dos povos indígenas Cassupá, Salamãi e Aikanã, na região de Chupinguaia.  É mais floresta sendo destruída sem que os direitos indígenas sejam respeitados.


 


 


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Fonte: Cimi - RO
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