29/01/2008

Governo cede às reivindicações de presa mapuche

As mobilizações populares e a forte campanha dos defensores de direitos humanos chilenos tiveram na noite de ontem (28) uma grande vitória: o governo aceitou as reivindicações da ativista mapuche Patricia Troncoso.

 

A pressão popular foi fundamental para a flexibilização dos governantes e, depois de 109 dias de greve de fome, Patricia conseguiu alguns benefícios carcerários. Além da transferência para o hospital de Temuco.

 

Em um debate mediado pelo bispo Monsenhor Alejandro Goic, presidente da Conferência Episcopal, Patrícia conseguiu ainda que suas exigênciais estendidas aos presos políticos mapuches Juan Millalen e Jaime Marileo. O bispo enviou uma carta à ativista, na qual diz que seu esforço não foi em vão, pois “o tema mapuche se instalou na sociedade chilena”.


“As milhares de pessoas que se mobilizaram de diversas formas em distintas partes do mundo podem dizer que salvaram uma grande vida, a de uma mulher digna merecedora de todo o respeito por suas convicções, uma liderança que une os povos frente a um Estado opressor e soberbo”, disse o manifesto do Mapuexpress, agencia de notícias da comunidade Mapuche.


Apesar da recente conquista, os movimentos fazem um chamado para que a sociedade esteja atenta às situações de repressão Estatal que sofrem os povos que coexistem no país, pois ela nunca termina. Os grupos econômicos seguem invadindo e destruindo parte importante de territórios e recursos naturais.


“Seguem as injustiças e desigualdades, segue a exclusão, o racismo e a negação de direitos, isso não mudou, mas deve mudar, com a racionalidade por sobre todas as coisas e exigindo que volte a paz social para os oprimidos(as)”, acrescentou o manifesto.


O comunicado mapuche destacou ainda a importância da Igreja Católica e de alguns bispos para a resolução deste caso; de muitos médicos que defenderam o direito de Patricia à vida; e dos meios de comunicação que deram a visibilidade necessária ao problema.


Para os mapuches, Patricia rompeu com o unicentrismo que há no Chile, que exclui e viola os direitos dos Mapuche, Aymara, Rapa Ni, Likarantay, Quechuas, Collas, Diaguitas, Kawashkar, Selkmans, e vários outros povos transfronteiriços. E mostrou que o conflito não é entre os povos, e sim com o Estado que não é capaz de representar a todos os povos que existem no país.


De acordo com os mapuches, a conquista de Patrícia, ainda debilitada de saúde, alcançou o que há muito tempo o Estado havia impedido ou atrapalhado: a Unidade solidária entre integrantes de distintos Povos.
(Com informações de Mapuexpress)
Fonte: Adital
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