Liderança de trabalhadores rurais é assassinada em Minas Gerais
A Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais, com grande dor, vem denunciar o assassinato de João Calazans, 50 anos, presidente da Associação do Assentamento Chico Mendes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pingo D´Água, conselheiro da Mata do Parque Estadual Rio Doce, ex- secretário municipal de Meio Ambiente, e ex-coordenador do Pólo Regional Rio Doce da FETAEMG, e, aos prantos, clamamos por justiça.
Hoje, dia 11 de dezembro de 2007, por volta das 21h00 assassinaram João Calazans com um tiro na nuca, do lado direito, no quintal de sua casa, quando ele estava com a família, no Assentamento Chico Mendes, do Município Pingo D´Água. Ele foi imediatamente para o Hospital de Ipatinga, mas já estava morto quando chegaram ao hospital.
Por ironia cruel João Calazans, importante liderança política e sindicalista dos trabalhadores rurais, teve o mesmo fim de Chico Mendes. Mais uma morte anunciada. João Calazans dedicou sua vida à luta em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, incomodou os latifundiários do Vale do Rio Doce e do Vale do Aço, denunciou a péssimas condições de trabalho e a super-exploração de trabalhadores rurais nas carvoarias da região, que sustentam as siderúrgicas, muitas e intensas foram as lutas travadas.
As terras do Assentamento Chico Mendes foram ocupadas em 1999, e mesmo após a criação do assentamento, as famílias convivem com conflitos devido a morosidade do INCRA, quase 09 anos, sem finalizar o parcelamento da área.
Queremos justiça! Até o momento a polícia não encontrou pistas sobre o assassino. De forma incansável clamaremos por justiça, exigimos dos poderes públicos todos os esforços para encontrar os responsáveis, e a punição desses.
No dia 10 dezembro, nessa semana, a CPT denunciou nacionalmente, o crescimento dos conflitos e da violência no campo da região sudeste.
Informações:
Lucimere: (31) 9979-9501
CPT MG: (31) 3466-0202
Dados parciais dos conflitos no Campo Brasil lançados pela CPT Nacional – 10/12/2007:
Sudeste, onde conflitos e violência crescem
O que mais chama a atenção, porém, na análise mais regionalizada dos números é a região Sudeste que se comportou de modo inverso ao restante do país. A região foi a única que apresentou crescimento no número de conflitos passando de 180, para 193 e no número de pessoas envolvidas, que saltou de 71.983 para 112.356. Em relação às famílias expulsas a região Sudeste seguiu a tendência geral do País, passaram de 95 para 435. O Sudeste também foi o único que apresentou crescimento no número de famílias despejadas passando de 980 para 1.477. Foi só nessa região, ainda, que houve crescimento no número de ocupações: 78, em 2006; 88, em 2007, e de acampamentos: 4, em 2006; 7, em 2007.
Na região mais rica e urbanizada do País é impressionante constatar que ocorreram 23,5% de todos os conflitos no campo, e onde estão 20% das pessoas envolvidas em conflitos. O grande progresso tecnológico aplicado ao campo e o avanço das monoculturas geram, além das riquezas propagandeadas, maior desigualdade, exclusão e, em conseqüência disso, novos e graves conflitos.
A bem da verdade pode-se imputar este destaque do Sudeste à presença mais próxima dos meios de comunicação que registram os fatos, na maior parte das vezes, para criticar a ação dos trabalhadores. Em outras regiões do País, boa parte dos conflitos nunca chegam ao conhecimento público. Como diz o professor Carlos Walter Porto Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense: “Não deixa de ser preocupante que a região mais rica do Brasil apresente crescimento da violência no campo em relação às demais regiões. Uma nova geografia da violência está se desenhando, conforme indicam estes dados parciais de 2007. Tudo indica que o avanço do cultivo da cana, diante da febre dos agrocombustíveis, esteja trazendo implicações no aumento do preço da terra, que rebate no programa de Reforma Agrária, e consigo carrega o aumento da violência”.