II Assembléia de Mulheres Indígenas de Pernambuco – Documento Final
Território Pankará, 30 de novembro de 2007.
Nos dias 28, 29 e 30 de novembro estiveram reunidas, no Território Pankará, mulheres idígenas de oito povos do estado de Pernambuco na II Assembléia de Mulheres Indígenas do Estado. A Assembléia teve como tema “Guerreiras Indígenas Reunindo Forças”. O objetivo foi promover a articulação entre as mulheres indígenas de Pernambuco de forma a possibilitar uma reflexão acerca das políticas públicas para as mulheres. O evento contou com a participação da Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), do Centro de Cultura Luiz Freire, da Anai (Associação Nacional de Ação Indigenista) e do DED (Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social).
Foram discutidos temas como legislação sobre prevenção e combate à violência contra a mulher e o que está sendo pensado e formulado em cada órgão do governo federal para o Plano Plurianual (PPA 2008/2010). Outro ponto de pauta foi a reflexão sobre a indagaçaõ: estão sendo consideradas às demandas e especificidades de gênero nas ações planejadas, em particular das mulheres indígenas?
As mulheres também participaram de uma oficina de confecção de bolsas, ornamentando do jeito pessoal de cada uma. Ao final foi realizado um desfile para escolha da bolsa mais bonita. A parte cultural foi o ponto alto e mais esperado, pois foi realizado o ritual sagrado no alto da serra na aldeia Cacaria à noite, com a presença de todos e todas para fortalecimento da luta das mulheres e do movimento indígena.
O espaço foi um momento das mulheres pensarem juntas e conversarem sobre seus problemas e adversidades. As mulheres constataram que um grande problema enfrentado por elas é o caso da venda de bebida alcoólica dentro das áreas indígenas. São elas quem mais sofre, pois têm sempre que está conciliando problemas dentro de casa e nas aldeias.
Também foi bastante discutida a lei Maria da Penha que, apesar de não atender as especificidades dos povos indígenas, as mulheres quiseram se inteirar para melhor compreendê-la e acionar quando necessária, visto que, fica a critério da mulher indígena usá-la ou não. Foi proposto que cada povo pense a melhor maneira de punição contra as violências que as mulheres enfrentam.
Ceiça Pitaguary – Coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da APOINME