Morte de Xakriabá não pode ficar impune
Entidades e movimentos sociais do norte de Minas Gerais se articulam para cobrar punição dos assassinos de Avelino Xakriabá
Aconteceu no dia 20 de setembro de 2007, no Fórum da Comarca de Manga (Norte de Minas Gerais) as 10h15min, uma audiência onde a juíza Lorena Teixeira Vaz Dias ouviu os dois adolescentes, de 15 e 16 anos, que participaram do assassinato do índio Xakriabá Avelino Nunes Macedo, ocorrido em 16 de setembro de 2007, no Distrito de Virgínio no município de Miravânia – MG.
A audiência contou com a presença dos advogados de defesa dos acusados e do advogado do Conselho Indigenista Missionário – Cimi. O fato importante foi a presença de representantes do povo Xakriabá, familiares da vítima, cacique Santo, representantes da Cáritas Diocesana de Januária, estudantes e professores da faculdade CEIVA, que infelizmente foram impedidos de assistir à audiência por questões de segredo de Justiça.
Logo após a audiência houve uma pequena conversa desta comissão com a juíza e a promotora, em que os integrantes expressaram a sua indignação quanto à forma brutal como ocorreu o crime e ao mesmo tempo exigindo que se faça Justiça.
O povo Xakriabá está em processo de luta pela ampliação do seu território, sendo bastante discriminados na região.
Este crime está inserido no contexto de luta pela terra e de extrema violência contra os índios. Um fato negativo tem sido a falta de acompanhamento da FUNAI na defesa dos direitos dos Xakriabá, tanto no processo que envolve o contexto de luta pela terra, quanto neste brutal assassinato que chocou o Brasil. Apesar de ter sido insistentemente acionada para atuar devido a gravidade do crime, a Funai nem sequer justificou a sua ausência na audiência assumindo uma postura de total desrespeito com a luta e os direitos do Povo Xakriabá.
Em detrimento deste descaso, o que está curso é um pedido de liberdade de um dos assassinos e a estratégia de esfriamento da questão para que o fato que tomou repercussão internacional caia no esquecimento e na impunidade.
Alguns setores jurídicos e parte da sociedade da região influenciada pelo poder político e econômico têm tentado descrever o fato como um acontecimento comum e que existe muito estardalhaço por parte da imprensa e das entidades.
Em depoimento, os adolescentes continuam afirmando que não tinham a intenção de matar o índio, queriam apenas tirar sua roupa, para tanto apenas abordaram com golpe de rasteira, seguido de ponta-pé até a morte.
Até o momento o inquérito policial do acusado Edson Gonçalves Costa, de 18, e o exame cadavérico (autópsia) não chegaram à Justiça, existe uma tentativa da defesa de tentar inocentar Edson das acusações.
A comunidade e os movimentos sociais estão atentos e mobilizados para que não fique impune este bárbaro crime.
Povo Xakriabá – CIMI – Cáritas Diocesana de Januária – professores e alunos do CEIVA.