Informe no. 777:
XVII Assembléia do Cimi mantém Dom Erwin Kräutler na presidência do órgão
Os missionários e missionárias reunidos na XVII Assembléia do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) elegeram Dom Erwin Kräutler como presidente da entidade. O bispo da Prelazia do Xingu já ocupava o cargo desde novembro de 2006, quando foi eleito extraordinariamente para concluir o mandato do então presidente Dom Franco Masserdotti, falecido em setembro de 2006.
O missionário Roberto Liebgott foi eleito para a função de vice-presidente e Éden Magalhães foi reeleito como secretário-executivo da entidade.
A Assembléia começou dia 30 de julho e termina amanhã, 3 de agosto, com a aprovação das prioridades para a atuação do Cimi nos próximos dois anos.
Além de definir a nova diretoria da entidade, o encontro discutiu os desafios e alternativas para as economias indígenas.
As experiências apresentadas pelos povos Rikbaktsa, Xukuru, Tupinikim e Kassupá mostram que o controle sobre o território é elemento indispensável para a sobrevivência dos povo. A participação das comunidades nos planos de futuro do grupo – para além dos projetos pontuais de sustentação – é essencial para economia autônoma. E que esta autonomia na definição de caminhos não significa que as economias indígenas estejam desligadas da economia nacional.
O antropólogo Alfredo Wagner, um dos painelistas, reafirmou que a economia e o território estão diretamente relacionados: é necessário ter o controle dos recursos naturais para se ter autonomia.
Wagner enfatizou que o território é algo mais abrangente do que a terra geograficamente definida. A noção está ligada à reprodução física e cultural de uma comunidade. Os territórios indígenas são constantemente ameaçados por grandes projetos de infra-estrutura, como gasodutos e hidrelétricas, e por leis que facilitam o acesso aos recursos naturais (mineração). A autonomia na relação econômica também é ameaçada quando eles precisam se integrar ao padrão vigente, por exemplo, definindo o autor de uma obra em vez de atribuí-la à coletividade.
Na manhã da quarta-feira, um painel discutiu os desafios para os povos do campo na América Latina. Frei Sérgio, da Via Campesina, apontou que muitos pequenos e médios agricultores, mesmo tendo a posse de sua terra, produzem de forma padronizada para empresas alimentícias, não tendo autonomia para produção.
No dia 31, o Secretário da CNBB, Dom Dimas, foi à Assembléia saudar os missionários e missionárias. Ele lembrou com satisfação que na V Conferência do Episcopado Latino Americano (Celam), realizado em maio de 2006, a questão indígena estava bem representada com bispos do México, Bolívia e outros países, envolvidos com esta questão.
Cimi – Conselho Indigenista Missionário
www.cimi.org.br
Brasília, 2 de agosto de 2007