13/07/2007

Violência no MS – Visita da OAB a Kurusu Ambá, ato em Campo Grande

 


A nota que segue abaixo foi redigida em reunião que teve presença de cerca de 40 entidades, movimentos sociais, sindicatos – inclusive a CUT -, organismos de igrejas e da Ordem dos Advogados do Brasil. A reunião aconteceu ontem, dia 12, no Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza, em Campo Grande.


 


O tema do encontro foi a violência contra povos indígenas e em especial o assassinato de Ortiz Lopes, que ocorreu no último domingo, 8 de julho.


 


A reunião ocorreu na mesma sala onde, mais de uma vez, Ortiz esteve reunido com os movimentos para solicitar apoio. Também naquela sala, Ortiz reuniu-se com o secretário de Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul, pedindo segurança para lideranças ameaçadas, em fevereiro deste ano.


 


A Ordem dos Advogados do Brasil/MS  agendou visita de sua Comissão Especial de Assuntos Indígenas a Kurusu Amba na próxima terça-feira, 17. Kurusu Ambá é a terra na luta pela qual Ortiz foi morto. O objetivo é constatar in loco a situação na qual vivem as 100 pessoas acampadas, próxima à fronteira com o Paraguai.


 


De acordo com a Comissão, em princípio, pelas informações até agora coletadas, está descartada a possibilidade de crime comum, por evidências de conseqüência da falta de solução da demarcação das terras indígenas.


 


Para sensibilizar a opinião pública, a Coordenação dos Movimentos Sociais do Estado realizará neste sábado um ato no Calçadão da Rua Barão do Rio Branco, em Campo Grande, a partir das 9 horas. A violência e a impunidade contra a comunidade indígena e a demora na demarcação das terras tradicionais também serão lembradas. Fazem parte da CMS: CUT, Fetems, CDDH, CIMI, CPT, MST, UCE, entre outras.


  


Ortiz Lopes participou em fevereiro de uma comissão de entidades de direitos humanos que protocolou junto ao Governo Estadual: secretário de Segurança, Wantuir Jacini, e de Assistência Social, Tânia Garib, solicitação de segurança para a área, já prevendo que a violência contra os indígenas continuaria. Em matéria veiculada pelo Jornal Correio do Estado do dia 09/07/07, ficou registrado que “em relação ao problema da violência nas aldeias, a Sejusp assumiu o compromisso de colocar policiais civis e militares nesses locais, em trabalho de colaboração com a Polícia Federal”.


 




 



 


O grito de socorro


 


Quando cinco tiros atingiram o corpo de Ortiz Lopes, liderança da comunidade de Kurusu Ambá, no município de Coronel Sapucaia, no dia 8 de julho de 2007, em mais um brutal assassinato, veio à tona mais uma vez a guerra genocida que atinge o povo Kaiowá Guarani, no cone sul do Mato Grosso do Sul. Nestes primeiros sete meses do ano de 2007, já ocorreram 22 assassinatos de indígenas no Estado, dos quais 20 vítimas são Kaiowá Guarani. Esse povo está confinado em poucos hectares de terra para quase quarenta mil pessoas, vivendo em permanente estado de violência sem que providências efetivas sejam tomadas para garantir seus direitos, especialmente à terra. E o pior é que  vivem justamente na região onde  dezenas de usinas da indústria sucroalcooleira  ocuparão mais alguns milhares de hectares com o plantio de cana de açúcar, além dos que já ocupam. Muitas dessas terras são “tekoha”, terras tradicionais Kaiowá Guarani. É previsível o aumento brutal da violência e da exploração da mão de obra indígena, num regime de extrema exploração e até mesmo de trabalho escravo.


 


Basta de violência, assassinatos, genocidio contra os povos indigenas do mato grosso do sul


 


Os movimentos sociais do Mato Grosso do Sul tem mostrado sua solidariedade com a luta desses povos, através de sua presença em vários momentos de conflitos e mortes, denunciando as barbaridades feitas contra esses povos e exigindo providências do governo brasileiro e de todos os responsáveis por essa lamentável realidade.


 


Por ocasião de mais esse assassinato, a Coordenação dos Movimentos Sociais de MS, reitera seu comprometimento com os povos indígenas em sua luta pela terra e pela vida, dizendo ao Brasil e ao mundo: basta de violência contra esses povos, basta dessa guerra silenciosa de genocídio que vem ceifando tantas vidas. Juntemos nossa força aos povos indígenas e conclamamos a todas as pessoas de boa vontade do mundo inteiro para exigir providências imediatas e eficazes para garantir a vida, os Direitos Humanos Sociais, Econômicos e Culturais, a paz e a dignidade para esses povos.


 


Exigimos:



  • A imediata demarcação das terras indígenas!
  • A punição dos responsáveis por essa situação!
  • O fim das violências e assassinatos!
  • O fim da impunidade!

 


Os Movimentos Sociais do Mato Grosso do Sul não serão cúmplices do genocídio dos povos indígenas!


 


Coordenação dos Movimentos Sociais do Mato Grosso Sul


Comissão de Direitos Kaiowá Guarani


 

Campo Grande, 13 de julho de 2007

 


COMPOSIÇÃO: MST/MS, CUT/MS, CNTE, FETEMS, CPT, CDDH, SINTSPREV/MS, SINTECT/MS, SITIENC, CEDAMPO, STEAC, SINPAF, SINDSEP/MS, SIEMS, CIMI, AMORI, SIMTED’S (CAMPO GRANDE, CORUMBÁ, PONTA PORÃ, DOURADOS, LADÁRIO, SETE QUEDAS, TRÊS LAGOAS, SIDROLÂNDIA), ASSOCIAÇÃO NOVA MARACANÃ, CORNEQ, TALHER, SINTTEL, SISTA/UFMS, ACP, SINTES, SINTRAF/CG, EFA/COAAMS, RENAP, Fapems, STEFBU/MS, SIMTAMS, SINDASP/MS, SINTSS/MS, MNLM, CONSULTA POPULAR, CNBB, SISTA, SINTRAE, ASS. KAQUATECA, SINDOMÉSTICA, ADUFMS, SINTSEP, STR´S (RIO BRILHANTE, CORONEL SAPUCAIA, CAMAPUÃ E ANASTÁCIO), ATMS, DCE-UEMS,MARCHA MUNDIAL DE MULHERES ,UCE,SINDJUS/MS,CEBRAPAZ,UBM.


e-mail:[email protected] Só está faltando sua entidade.

Fonte: Cimi MS
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