09/07/2007

Rondônia – Dados publicados pelo Cimi têm Secretaria de Saúde como Fonte

           


FUNASA DISCORDA DOS RESULTADOS DA SEMUSA SOBRE HEPATITE EM POPULACOES INDIGENAS EM RONDÖNIA      


 


 


            A assessoria de comunicação da Funasa publicou nota de esclarecimento discordando da matéria publicada no site do Cimi:”Rondônia-12% da população indígena do Pólo-Base de Guajará-mirim estudada é portadora do vírus da hepatite B ou C”. Se trata de uma pesquisa realizada em 2005, em uma parceria Secretaria Municipal de Saude (Semusa) de Guajará-mirim e Funasa em algumas aldeias indígenas do Pólo-Base de Guajará-mirim. A Funasa confirma a informação da Semusa quanto à data da entrega dos resultados, seja em dezembro de 2005.


 


            Uma divergência entre os dois órgãos do Ministério da Saúde é sobre o numero de indígenas pesquisados : são 835 para a Semusa ( mais apenas um não-indígena) e 793 para a Funasa ( mais 43 não-indígenas). Outra divergência é sobre os resultados: para o município, houve 100 casos de marcadores positivos para Hepatite (sendo um caso de não-indígena), sendo 78 para Hepatite B e 22 para Hepatite C, enquanto para Funasa houve apenas 30 casos positivos o que mesmo assim continua muito alto.


 


            Como a Funasa pode afirmar que “as informações contidas na reportagem não procedem”, se elas procedem de uma fonte oficial? Após solicitar informações através de ofício, o Cimi recebeu resposta da Nuvepa/Semusa, em 18 de maio de 2007. A cópia do documento recebido pelo Cimi segue abaixo.


 


            O documento da Semusa foi apresentado por um conselheiro indígena na ultima reunião do Conselho Distrital de Saúde Indígena que ocorreu em Ji-Paraná em maio passado e a Funasa negou esses dados sem apresentar outra resposta para os conselheiros indígenas. Disse que ainda aguardava resultados.


 


            Contrariamente ao que afirma a Funasa, as comunidades indígenas estudadas não tiveram retorno dessa coleta, pois a viagem prevista para esse fim foi cancelada. 


 


            A Funasa disse que “os dados nunca foram sigilosos dentro dos parâmetros profissionais” e garante que todos os pacientes estão sendo encaminhados. Antes da pesquisa já havia mais de 40 pacientes indígenas conhecidos com hepatite crônica e acreditamos que a maioria deles está sendo acompanhada. Por outro lado, dos novos casos descobertos há um ano e meio, com a realização da pesquisa,  apenas alguns começaram a ser encaminhados para tratamento recentemente, após a pressão exercida sobre o órgão.


 


Por falta de conhecimento, a assessoria de imprensa da Funasa continua a apresentar o « cartao postal  da Funasa» com 4 equipes de saúde no Pólo-Base de Guajará-mirim que trabalham em sintonia com os Agentes de saúde e de saneamento e uma nutricionista.


 


Convidamos a coordenação e a assessoria de imprensa da Funasa para virem a Guajara-Mirim a ver a realidade : nunca houve 4 equipes de saúde. Pela primeira vez, a partir de 2006, houve 3 equipes em vez de uma ou duas. Essas equipes mal e mal fizeram a imunização e não conseguiram realizar as outras viagens programadas.


 


Alem disso, as enfermeiras dessas equipes, a enfermeira chefe da Casai e a nutricionista foram demitidas recentemente a pedido do Conselho Distrital devido à falta de compromisso com o trabalho.


Não existem médicos fazendo atendimento constante às áreas há anos. Os Agentes Indígenas de Saúde estão sem curso de formação há quatro anos e a Funasa não consegue explicar ao Conselho Distrital o que acontece com o recurso desses cursos, que deveriam acontecer duas vezes ao ano.


 


Estamos indignados com a atitude da Funasa. Seria bem melhor a Funasa ser transparente, reconhecer as falhas, aceitar as decisões dos conselheiros e trabalhar para reduzir as endemias de hepatite, malaria, tuberculose sem ocultar a verdade. Nessas condições, o Cimi sempre poderá ser um parceiro.


 


Fonte: Cimi RO
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