Bispo de Chapecó (SC) é ameaçado
O arcebispo de Florianópolis (SC) e Presidente da CNBB – Regional Sul IV, Dom Murilo Krieger, informou aos bispos do Conselho Permanente, em Brasília (DF), sobre a ameaça de morte que vem sofrendo Dom Manoel João Francisco, Bispo de Chapecó (SC).
A carta de solidariedade, enviada ao bispo, esclarece os motivos das ameaças de morte que vem sofrendo.
Arquidiocese de Florianópolis
Florianópolis, 18 de junho de 2007.
Caríssimo Dom Manoel João Francisco,
Bispo de Chapecó,
“Graça e paz, da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1Cor 1,3).
Soubemos que o caríssimo irmão vem sofrendo ameaças por ter-se posicionado na defesa dos direitos dos povos Guarani, Kaingang e Xokleng, no episódio da demarcação e garantia de posse de suas terras. Somos testemunhas de que essa sua posição tem sido marcada por duas características principais: antes de tudo, pela maneira serena e tranqüila com que costuma apresentar seus argumentos e defender o que é justo; em segundo lugar, porque suas posições nunca excluíram a preocupação com a defesa dos direitos dos pequenos agricultores, que compraram ou receberam terras que não lhes podiam ter sido vendidas ou doadas, pois já eram ocupadas, há décadas, por povos indígenas. Desde sua chegada à Diocese de Chapecó, somos testemunhas de suas posições de que as famílias dos agricultores atingidos pela demarcação das terras indígenas precisam ser devidamente indenizadas e reassentadas em outras terras.
Em comunhão com o prezado irmão de episcopado, interpelamos as autoridades responsáveis, como já o fizemos em outras oportunidades, para que assumam suas responsabilidades frente aos erros do passado, indenizem as terras tituladas indevidamente a essas famílias, assegurem o justo ressarcimento pelas benfeitorias feitas nos imóveis e promovam os respectivos reassentamentos. Sabemos que quanto mais nossas autoridades demorarem para cumprir o que prescreve a Constituição brasileira, a respeito das terras indígenas, maiores serão os conflitos resultantes dessa demora e, conseqüentemente, mais dolorosos serão os sofrimentos, tanto para os indígenas quanto para os pequenos agricultores envolvidos.
Dom Manoel, sabemos que são injustas as acusações que lhe fazem e consideramos lamentáveis as atitudes de agressão à sua pessoa. Esperamos que o Ministério Público, ficando ciente dessas agressões, se posicione a seu favor e lhe garanta condições de segurança física.
De nossa parte, em nome dos bispos e de todo o povo católico de Santa Catarina, manifestamos-lhe nossa solidariedade, assegurando-lhe nossas orações diante de Deus, o Pai de todas as luzes, para que ilumine as mentes de todos os envolvidos, em vista da solução justa para todos os problemas que o prezado irmão e a Igreja de Chapecó estão enfrentando.
Em Cristo, nosso único Senhor, de quem somos discípulos e missionários,
Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de Florianópolis e Presidente da CNBB – Regional Sul IV