04/06/2007

Em defesa da vida e do rio Xingu

Documento resultante do encontro dos povos indígenas do Xingu sobre a construção do Complexo Hidroelétrico do Xingu.

 

O encontro foi realizado neste último final de semana em Altamira, Pará.




EM DEFESA DA VIDA E DO RIO XINGU


Nós, Povos Indígenas: Xikrin, Pykajakà, Potikro, Bacajá, Mrotidjam; Kayapó: Kikretum, Kokraimoro, Pukararankre, Kendjam, Moikarakô, Aukre, Kôkôkuedajà, Kararaô; Araweté do Igarapé Ipixuna; Parakanã – Apyterewa; Assurini do Xingu; Juruna (Pakisamba e Km 17); Xipaya, Kuruaya; Arara do Pará (do Maia, Laranjal e Cachoeira Seca); índios da cidade de Altamira; Apinajé do Estado do Tocantins; Tembé; Gavião de Rondônia; e Karitiana; juntos com os movimentos sociais e Organizações Não Governamentais, institutos de pesquisas e Universidade Federal do Pará e a convite do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Prelazia do Xingu e MDTX (Movimento pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu) e IIEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil, reunidos na Cidade de Altamira no Estado do Pará, no Centro de Formação Bethânia, entre os dias 1 a 3 de junho de 2007, queremos externar nossa preocupação quando a possível construção do Complexo Hidroelétrico do Xingu, que anuncia a construção de barragens na Volta Grande do Xingu que caso sejam construídas irão atingir os povos indígenas, as comunidades de agricultores, a floresta e afetar a biodiversidade prejudicando a VIDA na Bacia do Rio Xingu.


Somos totalmente contra Belo Monte, pois o Rio Xingu representa nossa vida e sua morte ameaça nossas vidas, nosso futuro, nossos parentes: filhos e netos.


Qualquer intervenção no Xingu provoca a extinção da caça, do peixe e afeta profundamente nossas terras e nossa saúde.


Nós, povos indígenas, queremos viver e respirar no Xingu, suas águas são fonte de vida e nós não queremos morrer, não vamos desistir da vida, não abandonaremos a luta, nosso canto de guerra estão na garganta para nos contrapor ao inimigo.


Queremos convocar os povos indígenas do Xingu, os Kayapó do Alto Xingu, os parentes do Parque Nacional do Xingu, da Amazônia e do Brasil e convidar nossos aliados para um grande Encontro na Cidade de Altamira, no qual mostraremos ao Governo Brasileiro nossa indignação e nossa posição contrária aos grandes projetos que estão implementados e que só destroem a Amazônia.


Solicitamos apoio e ajuda das instituições nacionais e internacionais para garantir às comunidades ampla participação neste grande Encontro.


Altamira, 03 de junho de 2007


Assinam:


Povo Xikrin das Aldeias: Pykajakà, Potikro, Bacajá, Mrotidjam; Povo Kayapó das Aldeias: Kikretum, Kokraimoro, Pukararankre, Kendjam, Moikarakô, Kôkôkuedjà, Kararaô; Povo Araweté do Igarapé Ipixuna; Povo Parakanã – Apyterewa; Povo Asurini do Xingu; Povo Juruna das Aldeias Pakisamba e do Km 17, Povo Xipaya, Povo Kuruaya, Povo Arara do Pará das Aldeias Volta Grande, Laranjal e Cachoeira Seca; Povo Apinajé; Povo Tembé; Povo Gavião de Rondônia; e Povo Karitiana; junto com os movimentos sociais e Organizações Não Governamentais: Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (FASE), Fundo Dema, Internaciotional Rivers   Network (IRN); Entidades Eclesiais: Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Prelazia do Xingu, Congregação do Verbo Divino, Preciosíssimos Sangue (CPPS) e Missionários Xaverianos; Movimento Pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu (MDTX), Movimento de Mulheres Campo e Cidade da Região da Transamazônica, Instituto Humanitas, Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB), Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequeno Agricultores, Via Campesina e pesquisadores/ as Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Universidade Federal do Pará (UFPA)


Moções


MOÇAO DE APOIO AO POVO PARAKANA DE APITEREWA


  


Nós Povos Indígenas Xikrin: Pykajakà, Potikro, Bacajá, Mrotidjam; Kayapó: Kikretum, Kokraimoro, Pukararankre, Kendjam, Moikarakô, Kôkôkuedjà, Kararaô; Araweté do Igarapé Ipixuna; Parakanã – Apyterewa; Asurini do Xingu; Juruna (Pakisamba e Km 17); Xipaya; Kuruaya; Arara do Pará (Volta Grande, Laranjal e Cachoeira Seca); Apinajé; Tembé; Gavião de Rondônia; e Karitiana; representantes dos movimentos sociais e institutos de pesquisas, reunidos na Cidade de Altamira no Encontro dos Povos Indígenas do Xingu nos dias 01 a 03 de julho de 2007, vimos manifestar nosso apoio ao Povo Indígena Parakanã do Apyterewa e exigir que o Governo Federal realize a desintrusão da Terra indígena Apiterewa, considerando que a terra indígena se encontra homologada, respeitando  a Constituição Federal e garantindo o direito fundamental deste povo ao seu território.


É necessário urgência nesta ação a fim de preservar a vida física e cultural do Povo Parakanã.


 


 


Altamira, 03 de junho de 2007.


 




MOÇÃO DE APOIO AO POVO ARARA (UGOROGMO)


 


Nós Povos Indígenas Xikrin: Pykajakà, Potikro, Bacajá, Mrotidjam; Kayapó: Kikretum, Kokraimoro, Pukararankre, Kendjam, Moikarakô, Kôkôkuedjà, Kararaô; Araweté do Igarapé Ipixuna; Parakanã – Apyterewa; Asurini do Xingu; Juruna (Pakisamba e Km 17); Xipaya; Kuruaya; Arara do Pará (Volta Grande, Laranjal e Cachoeira Seca); Apinajé; Tembé; Gavião de Rondônia; e Karitiana e representantes dos movimentos sociais e institutos de pesquisas, reunidos na Cidade de Altamira no Encontro dos Povos Indígenas do Xingu nos dias 01 a 03 de junho de 2007, vimos manifestar nosso apoio ao Povo Indígena Arara do Cachoeira Seca que se autodenominam Ugorogmo e exigir que o governo federal realize com urgência a demarcação e desintrusão da Terra indígena Cachoeira Seca.Há  20 anos esse Povo foi contactado, desde então sofrem com as invasões de seu território que agora está ameaçado de ser reduzido. É necessário garantir esse direito constitucional para livrar esse povo das ameaças dos invasores e da mal intenção de políticos anti-indígenas que promovem as invasões. Segundo a Constituição Federal é papel do governo garantir a vida dos povos indígenas, portanto que se cumpra.


É necessário urgência nesta ação a fim de preservar a vida física e cultural do Povo Ugorogmo.


 


Altamira, 03 de junho de 2007.


 


 

Fonte: Cimi
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