Comunidade Awá-Guajá pede o afastamento de servidores da Funai de Posto Indígena no MA
A assistência precária dada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) nos postos indígenas Awá e Tiracambu levou os indígenas Awá-Guajá a se mobilizarem contra a omissão e a atuação do órgão nessas aldeias. A gota d’água foi a tentativa de homicídio contra três indígenas Awá-Guajá, ocorridas no início de maio. Um grupo de não-índios armados disparou contra Jakarixĩ e Kamara’ĩ Awá, por sorte, os dois não foram atingidos. Tatajkamaha Awá foi cercado por não-índios, que roubaram todos os jabutis que ele tinha coletado. Os indígenas foram submetidos a condições humilhantes enquanto caçavam e coletavam dentro de sua própria terra.
Por conta desses fatos e da completa omissão da Funai diante dos mesmos, os indígenas se mobilizaram para demonstrar sua insatisfação e indignação exigindo, no dia 11 deste mês, que os três funcionários que trabalhavam no posto saíssem imediatamente da aldeia Awá, alegando que essas pessoas não serviam para trabalhar com a comunidade. Desde então há um processo de negociação para que as exigências e necessidades dos Awá-Guajá sejam aceitas e consideradas pela Funai.
O atentado cometido contra os três Awá-Guajá está estritamente ligado ao aumento desenfreado das invasões de caçadores e exploradores dos povoados do entorno da aldeia e também à extração ilegal de madeira na terra indígena Caru, situada no município de Bom Jardim, a noroeste do Maranhão, a 300 km da capital. A terra possui 172.667 hectares e é habitada pelos povos Tenetehara (Guajajara) e Awá-Guajá.
A falta de fiscalização, de ações para retirar os invasores e de providências contra as três recentes tentativas de homicídio, a diminuição dos recursos destinados à compra de produtos de consumo básico, a pouca oferta de comida, a falta de condições de suprir a necessidade alimentar e a falta de manutenção e de condições de ampliação da estrutura física mínima à disposição dessas aldeias impôs sobre os indígenas uma situação que chegou ao seu limite. Vale ressaltar que o povo Awá tem uma história de recente contato com a sociedade não-índia e é um povo que vive da caça e da coleta.
A falta de recursos e a locação dos mesmos para outras necessidades que não a dos Awá tornou o discurso “Não tem dinheiro!” “Não tem dinheiro!” uma saturação diária sem que outras alternativas tenham sido apresentadas. “Estamos cansados de esperar por uma atitude boa da Funai em relação às invasões no nosso mato” desabafou a liderança Irakatakoa Awá. Os Awá por várias vezes pediram ajuda aos parentes Guajajaras para realizarem ações conjuntas de vigilância e retirada de invasores da TI.
A comunidade Awá exige:
1 – Que sejam substituídos os atuais servidores da Funai de Santa Inês e pede um servidor da Funai de Brasília que possa desenvolver um bom trabalho e que o jovem Itaxĩ Awá passe a aprender a administrar o posto junto com o novo chefe;
2 – Ações e atitudes que garantam segurança alimentar em suas comunidades;
3 – Vigilância e retirada dos invasores de sua terra.
Na próxima segunda-feira, 28 de maio, haverá uma reunião, em São Luís, capital do estado, para discutir a situação. Participarão lideranças Guajajara e Awá-Guajá, a Funai e entidades e órgãos convidados.