11/05/2007

V Celam – Aparecida vai tocar em pontos nevrálgicos da pastoral indígena


“Aparecida vai tocar em muitos pontos nevrálgicos da pastoral indigenista.” É o que afirma o assessor teológico do Cimi, Paulo Suess, que acompanhará o bispo presidente da entidade, dom Erwin Kräutler, que participa da V Conferência Geral do Episcopado da América-Latina e do Caribe (Celam).


 


Os assessores não participam do encontro, mas colaboram com os bispos com suas análises da conjuntura eclesial e dos discursos – sobretudo daquele que será proferido pelo Papa na abertura da Conferência. Outros bispos da América Latina com forte trabalho indigenista, entre eles o bispo Dom Felipe Arizmendi Esquivel, de San Cristóbal de las Casas, México, também estarão presentes em Aparecida.


 


Algumas referências à questão indígena, importantes para definições da pastoral indigenista, apareceram em discursos recentes do Papa, como no pronunciamento aos núncios latino-americanos, em fevereiro de 2007. Sobre as citações, Suess comenta que a afirmação de que as culturas indígenas esperavam a Igreja Católica e sua mensagem da fé é historicamente sem provas documentais e teologicamente é uma regressão aos tempos pré-conciliares. “A cultura do conquistador e o cristianismo embutido nela destruíram muitos referenciais de identidade dos povos indígenas e não contribuíram para a construção de uma ‘verdadeira identidade’ sobre uma supostamente ‘falsa identidade’ anterior”, escreveu o teóogo. Segundo Suess, o crédito, que a Igreja Católica hoje encontra entre os pobres, deve ser atribuído à pastoral libertadora pós-conciliar, que rompeu com a missão colonizadora de muitos séculos. “Ao falar [o Papa] da ‘assistência aos pobres’ e não da ‘opção pelos pobres’, percebe-se o ensaio de uma mudança semântica mais profunda, porém não respaldada no episcopado latino-americano”, avalia Suess.


 


Suas reflexões sobre o tema estão condensadas no texto “Aparecida no contexto da pastoral indígena”, que trata também das expectativas em relação aos caminhos que serão escolhidos pela Igreja durante a Conferência.


 


A expectativa é para que Aparecida possa dar  “continuidade às decisões tomadas nas Conferências de Medellín (“opção pelos pobres”), Puebla (“comunhão e participação”) e Santo Domingo (“inculturação”). Entre as questões-chave para a causa indígena em Aparecida se impõem novamente a assunção da realidade como ponto de partida de qualquer reflexão teológica e ação pastoral, segundo o princípio do Santo Irineu: “Assumir para redimir” (cf. Puebla 400). Desta assunção da realidade emerge a opção pelos pobres e pelos povos indígenas, incentivando seu protagonismo na construção do Reino. Que vive na proximidade com os povos indígenas constata a urgência de uma ampliação, descentralização e reestruturação dos ministérios para que na prática pastoral possam responder à diversidade sociocultural, dispersão geográfica e necessidade espiritual dos povos indígenas. A assunção da realidade terá também uma incidência sobre a formação dos agentes pastorais. Será uma formação para a luta e na luta pelas causas do Reino. Nessa formação inculturada, as “matérias” da teologia índia, do diálogo ecumênico e inter-religioso devem ter um destaque privilegiado. “


 


Programação paralela


 


Debates na Tenda dos Mártires


O Fórum de Participação do V Celam, que reúne pastorais e teólogos que pretendem acompanhar os debates mas que, oficialmente, não participam da Conferência dos bispos, vai montar em Aparecida a Tenda dos Mártires. Nela, serão realizados debates, reflexões e orações, além da exposição de vídeos e publicações dos grupos.


 


O Cimi vai participar da programação da tenda entre os dias 21 e 23 de maio.


 


A Tenda será decorada com imagens dos Mártires da Igreja Católica e estará localizada próxima à Basílica de Aparecida.


 


 


Romaria dia 19


Uma romaria, em que os fieis seguirão à pé desde a cidade de Roseira, às margens da Via Dutra, até a cidade de Aparecida, será realizada a partir da meia-noite do dia 19 de maio. O grupo chegará de celebração dia 20, ás 8 da manhã. A terceira parada da caminhada, que lembrará a Conferência de Puebla, terá a participação de quatro indígenas e da Pastoral Indigenista.


 


Contato para entrevistas


Priscila D. Carvalho- Ass Imprensa Cimi – 61 9979 6912


 


 

Fonte: Cimi
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