Indígenas, camponeses, sem-terras perdem o fotógrafo Flávio Cannalonga
O fotógrafo, amigo e companheiro Flávio Cannalonga faleceu no dia 26 de fevereiro, aos 53 anos, em sua casa em São Paulo, após nove meses de uma cirurgia, na luta contra um câncer extremamente agressivo.
Profissional experiente e muito competente, trabalhou em vários jornais e revistas da grande imprensa. Sua paixão, no entanto, eram os povos indígenas, os sem-terra, as crianças camponesas, os excluídos do campo e da cidade. Tinha um fascínio especial pelos Guarani-Kaiová e desejava fazer com eles seu último ensaio fotográfico, já sabendo da doença que tomava seu corpo.
Cannalonga era uma pessoa especial, que recusava o conforto nas viagens e caminhos pelas estradas e rios do Brasil, para poder se colocar no lugar de quem fotografava e, assim, revelar melhor rostos e corpos, expressões e sentimentos. Sabia olhar e registrar com incondicional respeito, trazendo íntegra a imagem do fotografado, em sua beleza e dignidade humanas.
Além de indígenas, sem-terras, crianças, mulheres, as fotos de Flávio Cannalonga revelavam muito dele próprio, do portador de um olhar especial e único, de um homem que disparava fotos que denunciam este mundo errado e anunciam um mundo digno de se viver. Humano, como ele próprio sabia ser, e soube ser, até o fim.