Índio Bororo é morto em Jarudóri, Poxoréu (MT)
Às dez horas da noite do último sábado, 17 de março, Helenildo Bataru Egiri, índio Bororo de 20 anos, atendeu ao pedido de alguns homens desconhecidos que bateram em sua porta, pedindo água. Ao entregar a água, foi morto com três tiros à queima-roupa pelos homens que estavam num táxi.
Sua família nunca saiu da terra indígena Jarudóri, do povo Bororo, de
Histórico
Os missionários salesianos que atuam na região vêm sofrendo pressão e ameaças, sobretudo em relação à sua atuação junto ao povo Bororo, mais especificamente por conta da questão de Jarudóri, área indígena no município de Poxoréu registrada nesta Comarca e no Departamento de Patrimônio da União de Cuiabá. Totalmente invadida nos anos 50, é objeto de uma ação civil pública desde julho de 2006.
Em 5 de dezembro de 2006 foi feita uma denúncia oficial ao procurador da República de Cuiabá – Mário Lúcio Avelar – das várias ameaças de morte feitas por posseiros contra o grupo da cacica Bororo Maria Aparecida Toro Ekureudo. Na madrugada de 26 de dezembro, seu genro João Osmar (“Gaúcho”) sofreu tentativa de homicídio e teve seu caminhão incendiado, ao sair da área indígena, por dois homens. Traumatizado, foi atendido no pronto-socorro de Primavera do Leste e na Casa de Saúde do Índio de Cuiabá, antes de ser transferido para um local mais seguro.
O MPF, provocado (B.O.n° 005137), requereu insistentemente abertura de inquérito, instaurado finalmente em 9 de janeiro de 2007 (n° 3-004/2007). A orientação da Funai local ao delegado federal era de que tal inquérito não seria da competência da PF, posto não se tratar a vítima de indígena.
Há indícios de que existem estreitos laços entre os posseiros de Jarudóri e a Funai de Rondonópolis; de que os posseiros já estão com pistoleiros contratados a postos para efetivar as ameaças feitas.