19/01/2007

Mato Grosso do Sul – Os Guarani relatam “armadilha” para prender lideranças.

Uma comissão de movimentos sociais e sindicatos fará amanhã (20) uma visita ao acampamento dos Guarani que foram retirados da terra que haviam retomado, em episódio que legou à morte de uma indígena de 70 anos, em 9 de janeiro, no Mato Grosso do Sul. O grupo será formado por representantes da CUT, CPT, MST, pela Federação dos Professores do Estado do Mato Grosso e pela vice-presidência do Cimi, que se deslocou de Brasília, entre outros movimentos. Lideranças que participaram hoje de reuniões em Campo Grande relatam que a prisão da maior liderança da retomada e de outros três homens foi uma “armação”.


 


O objetivo da visita é levar a solidariedade dos movimentos e entidades aos Guarani Kaiowá e avaliar, com os indígenas, quais as melhores formas de transformar a solidariedade em ações concretas. 


 


Cerca de 36 familias que tentaram retomar as terras estão agora acampados na beira da rodovia MS-289. Segundo a liderança Ortiz Lopes, o grupo tem expectativa de que a Fundação Nacional do Índio crie um Grupo Técnico para a identificação da terra.


 


Três lideranças da retomada estiveram na tarde de hoje (19) em Campo Grande, reunidas com os movimentos e deram entrevista à imprensa. Na conversa, pela primeira vez, os Guarani apresentaram, eles mesmos, relatos sobre os conflitos. 


 


Novos fatos


Ortiz Lopes relatou que a prisão de quatro indígenas sob a acusação de roubo de um trator, realizada dia 8 de janeiro, foi “uma armadilha”. “O fazendeiro da fazenda Madama chegou lá, conversou com as lideranças, cedeu o trator e disse que a gente podia usar. O líder da retomada estava indo de trator buscar comida para a comunidade, e aí a polícia apareceu. Foi uma armadilha”, disse. No episódio, a liderança Francisco Fernandes e outros três Guarani foram presos.


 


Questionado sobre outros detalhes do suporto roubo divulgado pela imprensa em 9 de janeiro, Ortiz respondeu que em nenhum momento a versão dos Guarani havia sido ouvida: “Eles só ouviram a versão dos não índios. Não foi divulgado a versão dos índios. Não teve nada disso que publicaram, não teve reféns”, afirma.


 


Desaparecido


 


Ele afirma também que há um jovem de 14 anos desaparecido desde o dia da retirada dos indígenas pelo grupo – armado e encapuzado – que chegou ao local da retomada em 12 caminhonetes e com um ônibus.


 


Retomada


Ortiz explicou também os motivos que levaram cerca de 50 famílias a realizar a retomada do tekoha (terra tradicional) Kurusu Ambá: “Retomamos quando conseguimos juntar os parentes antigos, que viviam naquela área. Estávamos vivendo com muita dificuldade”, disse.


 


O acampamento e a terra Taquaperí estão localizados na região de Amambaí e Coronel Sapucaia, MS.


 

Fonte: Cimi MS
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