Justiça Federal nega sepultamento de corpo no Tekohá. Manifestação ocorre agora em Dourados
Cerca de 150 pessoas, entre lideranças, militantes, estudantes e professores indígenas e não indígenas, realizam neste momento uma manifestação em Dourados, Mato Grosso do Sul. Eles protestam contra a violência que tem assolado os povos indígenas no Estado, pedem justiça e ações para a demarcação das terras. As falas também reafirmam a decisão de enterrar o corpo da indígena Kuretê Lopes, assassinada na manhã de terça-feira, dia 12, na terra tradicional onde ela foi assassinada, durante uma retomada. O grupo está agora em frente ao Ministério da Justiça. Ali, eles receberam de Dr. Charles Pessoa, procurador federal em Dourados, a notícia de que foi negada, pela juíza Dra. Daniela Paulovick de Lima, da Justiça Federal em Ponta Porã, a solicitação para o enterro de Kuretê. O pedido foi encaminhado pelo Ministério Público à Justiça Federal no dia de ontem. O procurador afirmou, em discurso, que vai entrar ainda hoje com recurso no TRF-3, em São Paulo. O corpo da indígena está na beira da estrada. Os Kaiowá de Taquaperí decidiram continuar aguardando permissão para realizar o enterro no local do assassinato. Eles argumentam que Kuretê Lopes, que era rezadora, deve ser enterrada no Tekoha (terra tradicional) onde ela nasceu, e onde estão sepultados seus familiares. Mobilização O ato foi iniciado na praça principal de Dourados, chamada Antônio João. O grupo seguiu em passeata até a frente do Ministério da Justiça na cidade, onde estão neste momento. Em um carro de som, lideranças estão fazendo falas emocionadas. Valdenice Kaiowá-Guarani falou da disposição do povo à voltar para suas terras tradicionais. Anastácio Peralta, Kaiowá que vive em Dourados, disse que “as lágrimas e o sangue nos dãõ força para continuarmos na luta”.