Nota da Assembléia dos Povos Indígenas da Região de Guajará-Mirim
Nós, povos indígenas da região de Guajará-Mirim/RO, pertencendo aos povos Oro Win, Cabixi, Oro Mon, Oro Waram, Oro Waram Xijein, Oro Nao´, Oro Eo, Oro At, Oro Jowin, Kao Oro Waje, Macurap, Tupari, Wayoro, Aruá, Jaboti, Arikapu, Salamãi, Puruborá, Miguelem, Cujubim, Massaká, Canoé, Mequéns, Uru Eu Wau Wau, Kampé, estivemos reunidos na nossa V Assembléia, entre os dias
Estivemos reunidos em assembléia para tratar da situação caótica em que se encontra a saúde indígena no nosso estado. A cada dia que passa temos menos assistência e mais mortes ocorrem. É uma situação desesperadora, é gritante o descaso, a discriminação e o abandono da Funasa no que se refere ao atendimento a saúde indígena.
Outro ponto conflitivo que esteve em nossa pauta é a situação de nossa terra Oro Wari. A Funai demarcou a terra dos parentes Oro Wari em cinco ilhas: as terras indígenas Rio Negro Ocaia, Pacaas Novos, Lage, Ribeirão e Sagarana. Com isso nossos lugares sagrados, nossas aldeias antigas ficaram do lado de fora da demarcação atual. Pior ainda, hoje quem ficou com essas terras são filhos daqueles que mataram os nossos pais e avós. O nosso povo está crescendo e precisamos voltar a morar e fazer roças nas nossas antigas aldeias. Rever o limite da Terra Indígena Guaporé com 10 povos indígenas que foram colocados pelo SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e pela Funai nesta terra, estes povos estão precisando de mais terra e demarcar a Terra Indígena do Povo Cujubim que vai até a terra indígena Uru Eu Wau Wau. Reivindicamos revisão de limites das terras hoje demarcadas e que seja uma área contínua.
Um outro problema é a falta de fiscalização de nossas terras para deter os pescadores de barcos profissionais, madeireiros, garimpeiros e outros invasores. Quando o Ibama ou a Funai fiscalizam as nossas terras, eles perseguem os nossos parentes que pescam e caçam para se alimentar.
Exigimos que para a escolha do administrador da Funai seja levada em conta a pessoa de consenso indicada pelos representantes dos povos indígenas. Também para indicar o chefe de Posto indígena seja consultada a comunidade.
Nossas forças ainda se voltam para a questão da educação que também nos mata, porque nos fere culturalmente a cada dia a imposição dos métodos, currículos, calendários, prédios escolares, material didáticos são todos contra os nossos princípios, nossas tradições e nossos costumes.
A terra é a garantia de nosso projeto de futuro.
Respeitando nossos valores construiremos nosso futuro.
Guajará-Mirim (RO), 17 de novembro de 2006.