Relato de vida missionária: “Um desafio e um privilégio”
Desde que ingressei na minha congregação e fiquei sabendo da existência da Missão Cururu comecei a me interessar por conhecer o mundo indígena. Mas era um interesse muito mais movido pela curiosidade do que pela consciência da importância do trabalho com os povos indígenas.
Entre os anos de 1992 e 1994, quando tive a oportunidade de conhecer os índios Munduruku, vivi um processo de enamoramento à distância de tudo o que se referia a esses povos. Esse conhecimento mais fundamentado foi despertando em mim um interesse mais amplo e não mais apenas motivado pelo desejo de fazer uma experiência exótica e sair dizendo pra todo mundo.
No primeiro semestre de 2004, finalmente estava eu lá entre os Munduruku, onde fiquei quatro meses, tempo suficiente para constatar minha empatia pela causa indígena e ingressar consciente no processo de formação básica oferecido pelo Cimi. Participei dos Básicos I e II em 2005 e 2006 e depois retornei para a Missão por mais quatro meses. As duas experiências foram completamente diferentes.
Na primeira, fui sem nenhuma preparação e, apesar das dificuldades e inquietações, foi uma experiência excelente e gratificante. Já em 2006, quando fui pela segunda vez, foi tudo bem diferente. Senti-me mais segura e conseqüentemente aproveitei bem melhor cada momento vivido lá. Dediquei boa parte do tempo ao aprendizado da língua Munduruku e como aprendi… Aprendi, sobretudo que a língua é a ponte entre o meu mundo e o deles, entre o meu jeito próprio de ser e o deles. Atribuo tudo isso à participação de vários momentos formativos no Cimi e a troca de experiência com outros missionários que já percorrem esse caminho a mais tempo do que eu.
Enfim, eu poderia dizer que trabalhar em prol da causa indígena está sendo para mim uma das mais fortes experiências missionárias que já vivenciei em toda minha vida. Por isso digo que, ao mesmo tempo em que é um desafio, por sua complexidade e exigências, ser missionária indigenista é um privilégio, pois jamais seremos os mesmos depois do convívio direto em comunidades indígenas.
E é por isso que eu abraço esta causa.
Irmã Cláudia Regina Carlos de Morais (SMIC)
Regional Norte II