13/11/2006

Povos indígenas, assentados rurais e comunidades tradicionais do MT fazem “Intercâmbio de Saberes”


O projeto “Intercâmbio de Saberes” nasceu do diálogo entre as instituições: Conselho Indigenista Missionário-Cimi, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – Fase, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST e a agência de cooperação internacional Desenvolvimento e Paz do Canadá, para intercambiar saberes e trocar experiências entre povos indígenas, assentados da reforma agrária e comunidades tradicionais remanescentes de quilombos do Estado de Mato Grosso em relação aos sistemas de produção, de extrativismo, de educação, da saúde e do papel das mulheres em cada grupo.


 


O projeto teve três grandes fases de intercâmbio. A primeira aconteceu na Comunidade Tradicional Nossa Senhora da Guia, região da Moraria no município de Cáceres, no Mato Grosso, nos dias 22 a 24 de março e contou com a participação de 79 pessoas dos assentamentos do MST, de comunidades tradicionais e dos povos indígenas: Bororo, Karajá e Tapirapé. Foram três dias de muita convivência e debates sobre as lutas comuns entre os segmentos participantes do projeto.


 


Entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro aconteceu a segunda etapa do intercâmbio, realizada nas aldeias indígenas: Tapi’itãwa, do povo Tapirapé; Hawalorá e Itxalá, do povo Karajá e Majtery dos Karajá/Tapirapé. Durante os cinco dias de convivências nas aldeias e banhos nos rios Araguaia e Tapirapé, os membros do intercâmbio puderam vivenciar uma oportunidade, segundo eles, única, de vivência e conhecimento de uma nova maneira de um povo se organizar culturalmente. Discutiram muito sobre saberes culturais importantes para os Tapirapé, Karajá e Bororo, assim como todo o processo de luta pela terra que esses povos enfrentam.


 


De 20 a 24 de outubro, o grupo realizou a terceira fase do intercâmbio de saberes, começando a visita pelo acampamento


rcambio de saberes, começando a visita pelo acampamento o intercambio de saberes, começando a experiencia Terra Prometida que fica a 1 km da cidade de Cáceres. No acampamento, os Sem Terra deram um panorama a respeito de sua luta pela terra, destacando que há mais de oito anos esse grupo luta pela terra.


 


No dia seguinte o grupo se deslocou para o Assentamento 14 de Agosto, onde, ao conseguirem a posse da terra, o grupo optou pelo trabalho e uso coletivo da terra e fundaram a COOPAC – Cooperativa de Produção Agropecuária Canudos os moradores do acampamento falaram sobre todo o processo de luta pela terra, que enfrentaram ao longo de vários anos até conseguirem a posse da terra neste acampamento. Colocaram sobre a organização e o funcionamento da Cooperativa. Destacaram que em 1997, quando chegaram à terra, tudo era capim para a criação de gado, hoje eles já têm várias frentes de produção. Iniciaram plantando lavoura de feijão, arroz e banana, posteriormente, com ajuda do MST, conseguirem projetos para criação de galinhas, gado leiteiro, montagem de uma casa de farinha, e hoje a cooperativa tem quatro linhas de produção: Agro-indústria de derivados de cana, que envolve dois setores, alambique, derivados de doces, açúcar mascavo, melado e rapadura;  Farinha de mandioca amarela e branca, farinha beijuzinho e polvilho; Leite, e milho verde.


 


Todos os membros do intercâmbio participaram das atividades diárias desenvolvidas pela cooperativa, aprendendo de maneira prática como o trabalho é desenvolvido.


 


O Intercâmbio de Saberes foi uma troca de experiência positiva, cada comunidade visitada recebeu o grupo com muito carinho e expôs suas formas próprias de se organizarem, relataram suas lutas passadas e presentes, cumprindo os objetivos do projeto, referentes à troca de experiências práticas de agro-ecologia entre povos indígenas, assentados da reforma agrária e comunidade tradicional, criaram aproximação e laços de amizade entre as pessoas dos três segmentos, fortalecendo assim, o princípio do respeito às diferenças e criando laços de solidariedade e de ajuda mútua, para o enfrentamento de desafios comuns, principalmente no que se refere à luta pela terra. 


Maristela Sousa Torres e Emília Casanova


Equipe de Relatoria do Intercâmbio de Saberes.


 

Fonte: CPT
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