Estamos enterrando nossos lutadores
Ainda impactados com a ausência de Dom Luciano, somos agora surpreendidos pela dolorosa notícia da morte de nosso companheiro e irmão Franco. Quando a morte chega assim de repente, surpreendendo todo mundo, ficamos perplexos, a perguntar – será verdade? No instante seguinte a dor da ausência começa se aninhar na gente e aos poucos como um filme editado às pressas, vão desfilando as imagens do amigo e companheiro de tantas jornadas e lutas.
Para nós do Cimi a dor é redobrada. Não sentimos apenas a perda do companheiro que, com sua sabedoria e sorriso, alentou tantas lutas pelos direitos dos povos indígenas e pela missão neste mundo afora, mas sentimos a súbita partida do pai, do irmão mais velho, do amigo, do animador da missão e da mística que anima nossas lutas pela vida e pelos direitos dos povos indígenas e dos excluídos. Mais do que isso, nos sentimos privados de quem tão profundamente acreditou e impulsionou nosso plano de pastoral.
Enquanto o coração vai pulsando ao ritmo dolorido da ausência, não podemos deixar de lembrar as belas e corajosas imagens do Franco, em seu batismo na questão indígena, como ele costumava afirmar, quando
Ainda sob o impacto da morte ocorrida há poucas horas, fica difícil de expressar o turbilhão de sentimentos que toma conta da gente. O que de melhor podemos fazer e dizer nessa hora é nossa profunda e eterna gratidão ao amigo e irmão D. Franco, pelo testemunho sincero, franco e profético que ele nos deixa.
Neste clima de partida de representantes de toda uma geração de lutadores, dos quais D. Franco talvez fosse um dos irmãos mais novos, lembramos o que repetia recentemente um companheiro de fé e luta: “estamos enterrando nossos lutadores de uma geração de bispos testemunhos proféticos na luta pela vida, justiça e solidariedade”.
Campo Grande (MS), 17 de setembro de 2006.
Egon Heck
Cimi Regional Mato Grosso do Sul