Povos reclamam direito à terra em Cúpula na Argentina
O direito e a luta pela terra são uns dos temas principais que estão sendo discutidos durante a Cúpula pela Soberania e a Integração dos Povos, em Córdoba, na Argentina. A Cúpula começou dia 17 e se encerra hoje. Ela ocorre paralelamente à Cúpula de Presidentes do Mercosul, também em Córdoba.
No segundo dia do encontro, segundo informações do Fórum da Terra, organizações membros da Via Campesina Internacional, do MOCASE, Movimento Camponês de Córdoba, Movimento Nacional Camponês Indígena, Rede Puna, ADYPAL Missões, CLOC, do Movimento Sem Terra do Brasil e outros, realizaram o painel “Terra, Soberania Alimentar e Reforma Agrária”. Mais de 200 representantes do Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai, Argentina, entre outros, se fizeram presentes para discutir, durante todo o dia, sobre ações concretas para levar adiante em defesa do direito à terra, dos recursos naturais e por uma melhor redistribuição da riqueza.
O painel sobre a terra teve a apresentação do trabalho realizado em cada país, a cargo de representantes das distintas organizações. Também foi informado sobre a grave situação pela qual atravessa o movimento em toda a América Latina, como a repressão que sofrem pela defesa de suas terras, os despejos massivos, o avanço sobre a ocupação de terras em mãos estrangeiras, que, além disso, impedem o acesso à água dos moradores.
Também no marco da Cúpula dos Povos, foi realizado o Fórum de Migração e Cidadania Sul-Americana. Este fórum teve a presença de aproximadamente 100 participantes, originários do Uruguai, Peru, Bolívia e argentinos trabalhadores em outros países da região. Bem como estiveram migrantes internos da Argentina e distintos representantes de povos originários do continente.
O eixo do debate colocou em cena a realidade dos trabalhadores migrantes da região. Apesar das declarações sócio-trabalhistas no Mercosul ou da ratificação do convênio 143 – que trata da não discriminação e da igualdade de oportunidades dos trabalhadores migrantes, continuam os mecanismos de exploração e discriminação destes trabalhadores. E isto não ocorre apenas entre os países do continente, mas também na migração interna aos países.
Enquanto isso, a Coordenadoria de Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS) também está realizando discussões no espaço da Cúpula. A Coordenadoria mantém um encontro regional e debaterá os detalhes do documento que as centrais sindicais entregarão aos presidentes da região.
As relações de gênero também estão presentes nas discussões da Cúpula. O painel “As relações de gênero na América Latina” pretende discutir esta temática. Os eixos debatidos durante o evento são: sexualidade reprodutiva e violência de gênero em todos os aspectos, tanto familiar, institucional, como trabalhista. A proposta do painel é que as conclusões sirvam como suporte para a pressão por políticas adequadas para a realidade das mulheres na sociedade atual
O Movimento Boliviano pela Soberania e pela Integração Solidária dos Povos é um dos movimentos que chegaram a Córdoba. Seu objetivo é participar dos preparativos da Cúpula de Santa Cruz de la Sierra e discutir sobre as lutas pelos recursos naturais.