12/07/2006

Romarias da Terra e Romaria dos Mártires realizadas de 14 a 16 de julho


No próximo final de semana, dias 14, 15 e 16 de julho realizam-se as Romarias da Terra, em Bom Jesus da Lapa (BA) e em Zé Doca, (MA). Já em Ribeirão Cascalheira (MT), na Prelazia de São Félix do Araguaia, nos dias 15 e 16 estará acontecendo a Romaria dos Mártires da Caminhada.


 


Nas grutas do Santuário de Bom Jesus da Lapa, às margens do rio são Francisco, será realizada a XXIX Romaria da Terra e das Águas da Bahia, centrando a reflexão sobre o São Francisco Vivo. Como evitar a total destruição de um rio agonizante! O que fazer para revitalizá-lo? Terra e Água, rio e povo formam um conjunto indissociável. Garantir a convivência e o equilíbrio é o desafio que se apresenta. O cartaz da Romaria chama a atenção: “Um rio de águas vivas brota de Deus! Às suas margens árvores alimentam e curam o povo”.


 


No município de Zé Doca se realiza a 9ª Romaria da Terra do Maranhão. A Romaria focaliza o tema dos grandes projetos que desmatam e matam. A 9ª Romaria vai refletir como os grandes projetos de “desenvolvimento” agridem e destroem matas e cerrados, secam, poluem e envenenam fontes de água, e desrespeitam os direitos humanos. No final será distribuído o panfleto “Fique de olho no Crédito Fundiário” alertando os trabalhadores do campo sobre a armadilha que o programa do Crédito Fundiário representa para eles.


 


Em Ribeirão Cascalheira, junto ao Santuário dos Mártires da Caminhada, vai ser celebrada, nos dia 15 e 16 de julho, a Romaria dos Mártires da Caminhada em comemoração aos 30 anos do assassinato do Pe. João Bosco Penido Burnier. Participarão desta Romaria, além de quem vive na região da Prelazia de São Félix do Araguaia, centenas de pessoas de todo o Brasil e algumas dezenas provenientes de outros países, com destaque especial para a Espanha.


 


Santuário e Romaria dos Mártires são únicos no mundo, tanto por seu caráter ecumênico quanto pela proposta que apresentam. Em nenhum outro lugar do mundo existe tal tipo de santuário em que se cultue a memória daqueles que tombaram defendendo a vida. Mais do que cultuar pessoas, o Santuário e a Romaria lembram e celebram a causa. A grande causa da Justiça e da Liberdade, independentemente de religião. São lembrados bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas católicos, mas também pessoas de outras igrejas cristãs, e das religiões judaica, indígenas e africanas.


 


Romarias da Terra, onde fé e vida se mesclam


 


Mais de 20 Romarias da Terra acontecem Brasil afora quase todos os anos. São manifestações religiosas promovidas pela CPT em parceria com igrejas e movimentos. As romarias se configuram como um espaço privilegiado em que fé e vida se mesclam profundamente e onde o clamor do povo do campo se faz ouvir. Com elas a CPT entrou no universo simbólico do povo.


 


As Romarias da Terra romperam o círculo vicioso das romarias tradicionais centradas no individualismo, buscando confortar o coração e se colocar em dia com o transcendente, e que aconteciam ao redor do santo e do altar. Elas introduziram como elemento central a Palavra de Deus e a vida do povo. Assim, as romarias da terra têm um cunho profético de denúncia da realidade de opressão vivida pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo e das injustiças que contra eles se cometem. Elas buscam através da fé e do elemento religioso a transformação da sociedade.


 


Elas também romperam as barreiras do espaço estritamente católico e adquiriram, em alguns lugares com mais expressão e intensidade, um caráter ecumênico e, ainda mais, macro-ecumênico envolvendo pessoas de outras crenças.


 


As Romarias da Terra tornaram-se também, nos últimos anos, Romaria das Águas. Elas incorporaram mais este elemento fundamental na vida, com o intuito de conscientizar as pessoas do valor da água e alertar para a sanha capitalista que quer torná-la mais uma mercadoria.


 


Memória


Em 11 de outubro de 1976, em Ribeirão Bonito, pequeno povoado do município de Barra do Garças (MT), hoje município de Ribeirão Cascalheira, o bispo Pedro Casaldáliga, acompanhado pelo Pe. João Bosco Penido Burnier, foi à Delegacia de Polícia local onde duas mulheres estavam sendo torturadas. Depois de um breve e tenso diálogo, um soldado PM desferiu um tiro na cabeça do Pe. João Bosco que faleceu no dia seguinte. Nas imediações do local do assassinato ergueu-se o Santuário dos Mártires da Caminhada.  E de cinco em cinco anos realiza-se a romaria


 

Fonte: CPT
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