Relatório mostra aumento de mortes em conflitos territoriais e genocídio no MS
Dentre as questões discutidas no lançamento da publicação está o aumento do número de mortes em situações de conflitos de terra. A média dos assassinatos de indígenas nesta situação dobrou nos últimos dos últimos três anos. Passou de 20 por ano entre 1995 e 2002 para 40, entre 2003 e 2005. Segundo Saulo Feitosa, vice-presidente do Cimi, o aumento do número de mortes está diretamente ligado à paralisação nas demarcações das terras indígenas. Quanto menos terras são demarcadas, mais indígenas morrem.
Nos últimos anos, também alterou o perfil do responsável pelas mortes. Nos três últimos anos, voltaram a ocorrer assassinatos encomendados, por outro lado diminuíram os casos em que o agressor é Poder Público.
No lançamento do Relatório, Saulo explicou que aumento do número de assassinatos também ocorreu por que, nos últimos anos, o Cimi passou a contabilizar melhor os dados dos assassinatos no Mato Grosso do Sul. Neste estado, acontece a maioria dos assassinatos.
Genocídio no Mato Grosso do Sul
“Os dados do relatório mostram que a situação dos Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, pode ser caracterizada como genocídio”, afirmou Lúcia Rangel, professora de Antropologia da PUC-SP e organizadora do Relatório.
O estado concentra os casos de violações dos direitos, seja em ameaças de mortes, atropelamentos, assassinatos ou conflitos por terras. As vítimas indígenas de assassinatos em todo o Brasil foram 42 em 2003, e 13 delas viviam no MS. Em 2004, dos 37 assassinatos registrados o MS concentrou 18 e, em 2005, o estado concentrou 29 vítimas entre as houve 43 pessoas assassinadas.
A ausência de terra é a causa da maioria das situações, por exemplo, o crescimento da desnutrição. Lúcia também explica que a superlotação gera um clima de tensão nas aldeias: “Não há como plantar, então começam algumas disputas intermas. Aumenta o consumo de álcool, o que é causa de muitos atropelamentos. O número de suicídios cresce…”