Comunidade indígena protesta contra abuso da Polícia Federal em RO
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Na manhã da quinta-feira, 25 de maio de 2006, três viaturas da Polícia Federal (PF), com oito policiais extremamente armados e um funcionário da FUNAI, entraram na aldeia Lage Velho na Terra Indígena Lage em Guajará-Mirim (RO). Eles pretendiam resgatar o carro da FUNAI que a comunidade havia apreendido na tarde da segunda-feira passada, 22 de maio, em protesto contra a volta do Sr. Dídimo Graciliano de Oliveira para o cargo de administrador da Funai no município.
O Sr. Dídimo, que está a mais de 30 anos no cargo, é acusado de várias irregularidades pelos indígenas. Em fevereiro, ele havia sido afastado da administração, depois de uma manifestação dos indígenas pedindo a sua exoneração imediata, o que foi garantido num Termo de Acordo assinado por representantes da FUNAI de Brasília, lideranças indígenas e Ministério Público Federal. Os itens do acordo ainda não foram cumpridos, o que deixa as lideranças indígenas cada vez mais revoltadas.
Segundo os indígenas, a ação da PF na aldeia foi arbitrária, violenta e abusiva. A comunidade teria sido ofendida moralmente por meio de agressões verbais. Além disso, mulheres e crianças teriam sido intimidadas com uso de armas. As lideranças indígenas pretendem fazer uma representação no Ministério Público contra abuso de poder desta ação da PF, realizada exatamente quatro meses depois do trágico acidente de trânsito, que matou 06 indígenas e deixou 17 feridos do povo Oro Wari (Pakaa Nova).
O sentimento na aldeia é de revolta e de humilhação diante da política “antindigenista” deste país. Os indígenas não sabem mais a quem recorrer, porque os seus direitos garantidos na Constituição Federal a cada dia são violados. Há anos que eles denunciam as violências que ocorrem nesta Terra Indígena, tais como: roubo de madeira, espancamento do cacique, assassinato de uma idosa, etc. Já pediram providência do Ministério Público Federal e da Polícia Federal para apurar esses fatos, mas estes órgãos sempre alegam que falta agentes para tal trabalho.
LAMENTAMOS! Pois, quando o prejudicado é o indígena tudo lhes é negado. Quando é para favorecer a outros interesses, logo aparecem policiais de todo canto do país. Quem poderia acreditar a quatro anos atrás que esse governo teria um gosto de ditadura?
CIMI Guajará-Mirim(RO)