Chile: três presos Mapuche fazem greve de fome há 53 dias
Após 50 dias de greve de fome – completados na última segunda-feira, 1º de maio -, os presos políticos mapuches entraram em greve seca (não ingerir água). Juan Marileo, Juan Carlos Huenulao, Florencio Marileo e Patricia Troncoso intensificaram a greve após terem sido transferidos, erradamente, da prisão de Angol para a prisão de Temuco. O risco de morte aumentou, podendo não passar de alguns poucos dias.
O médico mapuche Juan Carlos Reinao Marilao, em nota publica pelo Grupo de Familiares e Amigos dos Presos Políticos Mapuche, disse que se os presos continuarem em greve seca, “não durarão mais de seis dias”. E recomendou que “devido à grave situação médica dos quatro grevistas” deveria se avaliar a possibilidade de um recurso de amparo que os libere da tortura física e psicológica.
Julgados pelo incêndio, em 2002, do fundo Poluco Pidenco, da empresa Forestal Mininco, os mapuches disseram que não aceitarão atendimento médico até que seja encontrada uma solução para a sentença que os condena a 10 anos de prisão e o pagamento de uma indenização de 800 mil pesos.
O julgamento dos mapuches foi realizado sob denúncias de irregularidades. Eles foram julgados de acordo com a Lei Antiterrorista (resquício da ditadura comandada pelo general Augusto Pinochet, entre os anos de 1973 e 1990, no Chile), que só é aplicada na IX Región e, efetivamente, só contra os mapuches. A Lei possui disposições que dobram automaticamente as penas dos condenados.
Como permite essa Lei, foram apresentadas, durante o julgamento contra os mapuches, testemunhas que não precisavam mostrar o rosto ou anônimas. Segundo a nota do Grupo de Familiares e Amigos dos Presos Políticos Mapuche, as testemunhas foram pagas para testemunhar. Para agravar as desconfianças sobre a justiça nesse julgamento, foi denunciado também que a juíza de Garechazó, que rechaçou o caráter terrorista do delito, foi inabilitada pela Corte Suprema de Justiça.
Os mapuches em Temuco disseram ainda que, desde o primeiro dia na nova prisão, estão sendo mais maltratados. Patricia Troncoso está amarrada à cama e separada dos outros presos, supostamente por represálias contra seu corpo; na mesma enfermaria que estão os que fazem greve de fome, é dada a comida dos presos comuns; a tortura psicológica é permanente, com comentários e constantes ameaças e não lhes é proporcionado o devido asseio (como troca de sabonetes e roupa necessária)