Nova seção no sítio: textos sobre a vida missionária
A VOZ DO SILÊNCIO
(Mulheres indígenas)
SILÊNCIO
da cultura indígena que contempla no trabalho; que fala só
aquilo que precisa, porque as palavras demais o vento as leva.
SILÊNCIO
que fala mais forte da vida gastada e entregada no cotidiano.
SILÊNCIO
que vem do trabalho sem sossego e da interiorização e cuidado
dos mínimos detalhes.
SILÊNCIO
de respeito ante o sagrado que tudo o envolve e invade todos
momentos do dia a dia.
SILÊNCIO
que revela a resistência de tantos anos e grita para manter a
identidade.
SILÊNCIO
que interioriza a dor dos antepassados mortos e do seu
presente condenado à morte pelo sistema dominante.
SILÊNCIO
que sabe ouvir a verdade do outro; a que as palavras não
revelam e só a presença, olhar, ou qualquer gesto permite as
duas humanidades se encontrar.
SILÊNCIO
que revela a dor da exclusão e da não valorização da pessoa
que fere a todo o povo só por ser diferente.
SILÊNCIO
que projeta o silêncio das autoridades, a omissão dos
poderosos e a sigilosa estratégia dos corruptos que tomam
conta das riquezas desta cultura indígena que não é escutada
e tem seus direitos negados e silenciados.
SILÊNCIO
que vem a mim como um brisa de respeito; de amor puro que
não reprova e me concede um espaço para permanecer e
experimentar o “prazer” da solidariedade e do segredo de
sentir-se irmãos/as numa mesma terra.
SILÊNCIO
que me fala de ti; que te fala de mim, e que cria um espaço
onde as duas humanidades: a tua e a minha se encontram
para aprender a fazer isso para o que foram criadas:
PARA AMAR-SE.
Silvia Sanz sm