V Encontro Continental de Teologia Índia – As flores e os espinhos no jardim dos pequenos
Al carajo el sistema
Dominante y opresor
Veceremos los pequeños
Y habrá um mundo mejor
(…)
Habrá vida para el mundo
Con la fuerza del pequeño
Con la fuerza del pequeño
Habrá vida para el mundo
(El Pequeño Himno Zapatista)
Para compreender melhor a vida dos pequenos, os participantes do V Encontro Continental de Teologia Índia utilizam a figura de um jardim, onde a vida que se reproduz, e não é só feita de beleza e perfume, mas também de riscos e dificuldades.
Por muitas vezes em conflito com a cultura capitalista, os povos indígenas encontram constantemente no caminho da realidade: flores e espinhos. “Bolívia, México e Equador, por todo o continente, os povos indígenas apresentam projetos alternativos ao capitalismo, por isso entram em choque com o modelo neoliberal. O que fazer para criar condições de enfrentamento? Como defender a vida diante dos desafios colocados pelo neoliberalismo?” São algumas das questões levantadas por José Tomas Gonzales, representante da Comissión Nacional de Pastoral Indígena do Panamá.
Em busca de respostas, os participantes do Encontro se reuniram em grupos para trabalhar, durante dois dias, os sete temas que dizem respeito ao cotidiano dos povos indígenas: identidade cultural dos povos indígenas; Amazônia e o futuro da humanidade; narcotráfico e seus impactos nos povos indígenas; terra, território e recursos naturais; migração, expulsão forçada e mobilidade humana; organização indígena e participação política; legislação dos estados e seu impacto nos povos indígenas.
Depois dos trabalhos, a avaliação dos participantes identificou os aspectos positivos, ou seja, as pétalas, e aspectos negativos, ou seja, os espinhos.
Para a liderança do povo indígena Maia, vindo de Chiapas, encontrar os irmãos de outras partes e saber de suas lutas é muito importante, pois “é só assim que sabemos que não estamos sós, que outros irmãos enfrentam os mesmos gigantes”.
Em sua primeira etapa os diagnósticos regionais mostraram que, mais do que espinhos, as pragas do capitalismo afetam os povos do continente. “Em geral as flores são ações nascidas de mesma origem e que se manifestam com força, e de forma plural e diversa. Tudo isso nos leva a conclusão que, se queremos colher flores, não podemos buscá-las no jardim liberal, no jardim da morte, onde nasce a injustiça e a desigualdade, mas temos que cultivar as raízes das flores em nosso jardim secreto da utopia, dos pequenos, cuidando para que elas cresçam com adubo, acreditando que a força dos pequenos é o futuro”, sintetiza Saulo Feitosa, vice-presidente do Cimi.
Manaus (AM), 24 de abril de 2006.
Cristiano Navarro (Cimi)