Nota de Repúdio
“Todos os Lins e Albuquerque são oriundos de portugueses e alemães. Não são oriundos de tribo indígena”. (Belarmino Lins, Presidente da Assembléia Legislativa do Amazonas, em 15/03/2006).
O Conselho Indigenista Missionário – Cimi, Regional Norte I (AM/RR), vem a público repudiar as declarações do presidente da Assembléia Legislativa do Amazonas, Belarmino Lins (PMDB). Em matéria divulgada pelo jornal A Crítica (Pág. A5, de 16/03/2006), ele evocou um argumento racista para expressar a condição de superioridade de sua família e sustentar a prática de nepotismo em seu gabinete – prática esta repudiada pela sociedade brasileira.
Na condição de representante do povo e oriundo de uma região marcada pela presença expressiva de populações indígenas, o presidente da Assembléia Legislativa incorreu em prática de racismo. A concepção da superioridade racial, na história recente da humanidade, serviu para subjugar e exterminar milhões de pessoas. No Brasil, ao longo de cinco séculos, essa concepção alimentou a discriminação contra os indígenas, incentivou violências de toda sorte, inclusive genocídio, muitas vezes com respaldo do Estado Brasileiro.
Nos dias de hoje em todo o país, muitos indígenas são perseguidos, agredidos, violentados e até desassistidos pelos órgãos públicos por causa da discriminação praticada por alguns servidores que deveriam respeita-los.
As organizações indígenas e seus aliados já conhecem o posicionamento do deputado Belarmino Lins e do grupo político que ele representa. Não foram poucos os pronunciamentos contrários aos direitos dos povos indígenas, sobretudo no que diz respeito à terra – e em particular às terras indígenas localizadas na região do Alto Solimões. A demarcação daquelas terras nos anos 90 foi alvo de ataques por parte do grupo político a que pertencia o atual presidente da Aleam.
O Cimi Norte I solidariza-se com os povos indígenas e reitera seu irrestrito apoio na luta pelo respeito aos seus direitos. Soma-se, também, a todos os segmentos da sociedade amazonense contrários à prática de nepotismo e que exigem dos representantes do povo uma postura política ética e de respeito a todos os cidadãos, independentemente de crença, cor, raça ou religião, dentre tantos outros atributos que possam resultar em exclusão política e social.
Manaus (AM), 16 de março de 2006.
CIMI NORTE I – AM/RR
A coordenação