16/02/2006

Sepé Vive, os Guarani Vivem

Os representantes de organizações e associações aliadas ao movimento indígena e popular do Cone Sul do continente latino-americano (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai) estiveram reunidos em São Gabriel, Rio Grande do Sul, Brasil, por ocasião das comemorações dos 250 anos dos assassinatos de Sepé Tiaraju e de 1.500 guerreiros Guarani, pelos exércitos dos impérios de Portugal e Espanha, assumiram os seguintes compromissos:


 


– Apoiamos as iniciativas do povo Guarani na defesa dos seus direitos constitucionais e históricos, especialmente o direito à terra que tão bem cuidaram e respeitaram durante séculos.


 


– Estimular todas as formas de ações que levem à articulação, união e autonomia do povo Guarani: visitas, encontros, Assembléias Regionais e Continental.


 


– Apoiamos os Guarani na sua compreensão de territorialidade, que é anterior à formação dos estados nacionais.


 


– Respaldamos todas as iniciativas que contribuem para o reconhecimento dos valores, da sabedoria e da forma de vida guarani (teko) que representam uma contribuição importante para a construção de um mundo para todos.


 


– Lutaremos para que cessem as formas de violência, agressões e discriminação que continuam acontecendo com os Guarani, com o assassinato de suas lideranças, roubo dos recursos naturais, destruição do meio ambiente e inviabilização de suas economias.


 


– Nos empenhamos para que nas obras publicas e privadas os nomes dos assassinos dos povos indígenas sejam banidos.


 


Os assassinatos de Sepé Tiaraju e dos mil e quinhentos Guarani foram causados por questões de um reordenamento das fronteiras e dos territórios dos então impérios Portugal e Espanha.


 


Hoje a questão do povo Guarani, dividido por cinco estados nacionais, muitas vezes, vive em condições inumanas por causa do não reconhecimento do seu espaço físico e cultural, exige um reordenamento territorial além e aquém das fronteiras dos respectivos estados nacionais. Esse reordenamento não se fará na base de um suposto mito Sepé, que favorece o latifúndio, mas na base da verdadeira história que nestes dias lembramos e celebramos.


 


VIVA SÃO SEPÉ, VIVA A UNIDADE GUARANI!


 


São Gabriel, 7 de fevereiro de 2006


 


Conselho Indigenista Missionário – Cimi, Brasil


Equipo Nacional de Pastoral Indígena – Endepa, Argentina


Coordenacion Nacional de Pastoral Indígena – Conapi, Paraguai


Comissão Pró-Índio – São Paulo, Brasil


Porantim – Em Defesa da Causa Indígena, Brasil


Irmãs Catequistas Franciscanas, Brasil


Centro de Defesa dos Direitos Humanos, Marçal de Souza – MS, Brasil


Consulta Popular – SP, Brasil


Departamento de Antropologia – PUC/SP, Brasil


Rede Educação Cidadã – MS, Brasil


Centro Acadêmico de Ciências Sociais – PUC/SP, Brasil


Vivat Internacional – Paraguai


Centro de Mídia Independente – Cmi, Brasil


Rede Nacional de Advogados Populares – Renap, Brasil


Centro Missionário Internacional – CMCI, Holanda


Justicia y Paz e Integrídad de Ia Creacion, JUPICP – Paraguai


Articulação Ecumênica Latino-americana de Missiologia – AELAMI, Brasil


Congregação Notre Dame, Brasil


 

Fonte: Cimi
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