07/02/2006

Questão da terra é tema central entre os Povos Indígenas

A questão da terra tem sido o tema central dos debates na Assembléia dos Povos Indígenas. Relatos são constituídos por histórias de violência e perda das terras, mas os indígenas não se cansam de lutar.


 


As falas da Assembléia Continental do Povo Guarani são feitas, como não poderia deixar de ser, no idioma Guarani. Os não-índios que acompanham o encontro, como os jornalistas que escrevem estes textos, não conseguem entender mais do que os fragmentos do português – e do espanhol – que foram incorporados à fala deste povo. É notável que expressões da divisão do tempo – horas, minutos -, de funções – lideranças, juizes, agentes de saúde são incorporados ao idioma deste povo.


 


De acordo com os indígenas, a terra tem sido o tema principal dos debates. “Sem terra não se pode viver, não há saúde nem educação. E precisamos ter nossa terra completa, com bosques, água e ar, com espaço para plantar, com a caça, para estarmos bem e para termos nossa forma de viver”, disse Duarte Sose Catri, do Paraguai.


 


As histórias de perdas de terra e de assassinato de lideranças se repetem. Mas os Guarani mantêm sua resistência de séculos. “Todas as lutas acompanham a espiritualidade e a memória. Nossa resistência vem dos sistemas políticos que temos, nossa forma de eleger autoridades, nossos ritos, nossa forma de expressão. Temos fé e força na espiritualidade e neste conjunto de coisas. Com o avanço da tecnologia, com a globalização, os tempos mudam, mas a origem está presente. Se não perdemos a nossa memória, temos força, e se temos força há capacidade de resistir. Os brancos não nos deixam espaços, mas nós mesmos temos que buscar espaço, levar adiante. Aqueles brancos que quiserem ajudar, que façam. Não por nós, mas com a gente”, disse o cacique Catri ao ser questionado sobre a capacidade de resistência de seu povo.


 


Atividades


 


O primeiro dia da Assembléia foi momento de apresentações das delegações, que falavam um pouco da sua situação. No domingo, segundo dia, os indígenas conversaram em grupos divididos pela procedência: Paraguai, Argentina, e grupos por estados do Brasil, como Rio Grande, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará. Na tarde desta segunda-feira acontece a socialização das conversas e a preparação de um documento final da Assembléia.


Fonte: Priscila Carvalho (Cimi - Assessoria de Imprensa)
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