07/02/2006

Geólogo pretende encontrar ossadas de índios guarani mortos

Ronaldo Fontoura, assessor de Meio Ambiente do municípios de São Gabriel (RS), escavações arqueológicas ajudam a refazer a história do Estado. O geólogo pretende encontrar as ossadas dos Guarani mortos pelos europeus. 


 


Um projeto pioneiro pretende encontrar as ossadas dos 1.500 índios guarani mortos por portugueses e espanhóis na Batalha de Caiboaté, em São Gabriel (RS). Com recursos próprios, Ronaldo Fontoura, geólogo e assessor de Meio Ambiente do município, vem estudando, há cinco anos, o solo da coxilha em que ocorreu o último confronto entre os índios missioneiros e os europeus. “Não quero encontrar somente os ossos, mas também utensílios e as armas de guerra guarani. Afinal, através das escavações, podemos refazer a história do Estado”, argumenta.


 


Fontoura conta que há mais de 70 anos atrás, havia cruzes de madeira que marcavam os locais em que os índios estavam enterrados. No entanto, o proprietário da área retirou-as, substituindo por uma grande cruz de cimento, que permace até hoje. A coxilha é um lugar alto e cheio de voçorocas (valas decorrentes de erosão), ideal para os índios se esconderem. “A tática dos guarani era de guerrilha. Devido à fragilidade deles frente aos exércitos português e espanhol, misturavam-se nas matas e escondiam-se nas voçorocas, de onde lançavam os ataques”, relata.


 


Um fato histórico pode ajudar o geólogo a encontrar as ossadas. Por ser um solo duro, poucos guarani foram enterrados em buracos. A maioria deles foram cobertos com terra de um banhado próximo ao local. “O solo original da coxilha é amarelo, mas onde foi utilizada a terra de banhado, há uma camada preta superior”, afirma. Em escavações-piloto, o geólogo encontrou três sítios arqueológicos.


 


Fontoura pretende levar o projeto para o Ministério da Educação, a fim de buscar recursos e regularizar as escavações. Tudo que conseguir encontrar na coxilha será colocado no museu a ser construído em São Gabriel , cujo desenho foi planejado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.



 

Fonte: Raquel Casiraghi (Via Campesina)
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