26/01/2006

Carta Aberta à Comunidade Guarani-Kaiowá de Nhanderu Marangatu

Aldeia Sagarana, 15 de janeiro de 2006.


 


Carta Aberta à Comunidade Guarani-Kaiowá de Nhanderu Marangatu


 


Nós, indígenas dos povos Oro Wari´, Canoé e Macurap da comunidade indígena Sagarana no município de Guajará-Mirim (RO) queremos manifestar nosso apoio a toda comunidade de Nhanderu Marangatu e a todo povo Guarani Kaiowá que foi vítima mais uma vez de uma grande injustiça, talvez a maior que existiu nestes últimos anos. A decisão do Ministro Nelson Jobim que deu reintegração de posse ao fazendeiro em cima de uma terra demarcada e homologada agrediu não somente a comunidade de Nhanderu Marangatu como a todos os povos indígenas do Brasil. Através dessa atitude, o Ministro criou um precedente muito grave que ameaça a todos nós, deixando as terras indígenas a mercê dos interesses econômicos do país. Ficamos pensando: como os interesses desse fazendeiro podem passar acima de 500 pessoas que estão na sua terra já regularizada e de direito garantido pela Constituição Federal?


 


Em nosso estado quando os povos indígenas precisam de proteção da polícia federal, a resposta é sempre a mesma: faltam policiais, meio de transporte, combustível…mas para expulsar vocês, parentes, de sua terra, não foi difícil para a justiça encontrar 200 policiais federais, “armados até os dentes”.


 


Por outro lado sentimos orgulho de ser indígenas quando vocês responderam à brutalidade policial com rezas e rituais, à ignorância dos responsáveis deste país, com frases profundas e sensatas, escritas por suas crianças em vários cartazes.


 


Como se não bastasse toda a agressão policial, os fazendeiros se sentindo amparados pela “injustiça” e movidos pelo ódio, não se contentaram em ver vocês expulsos de sua terra com suas casas queimadas e suas roças destruídas, ainda tiveram a coragem de derramar o sangue de seu parente na véspera de Natal.


 


Como acreditamos que um outro mundo é possível, temos esperança que o Brasil e o mundo todo façam pressão em cima dos governantes para reverter essa situação.


 


Queremos dizer ainda aos parentes de Nhanderu Marangatu que podem contar com o nosso apoio e nossas forças para que juntos possamos buscar a Terra sem Males.


 


Viva Marçal! Viva os Guarani! Viva Nhanderu Marangatu e viva todos os povos indígenas do Brasil!


 


Abaixo assinamos:


 


Nimon Oro Eo


Candido Canoé


Co´Um Oro Mon


Rita Cao Oro Waje


Margarete Ororamxijein


Elias Arowá


Maxun Oromon


Awo Xohara Oromon


Cristiane Oro Eo


Cledison Oro Eo


Cristina Ororamxijein


Daniel Oro Eo


Celso Oro Eo


Paulo Oro Mon


Janete Oro Nao´


´Tuparai oro Mon


Orowao Jein Ororamxijein


Filó Oro Mon


Nilson wem Ororamxijein


Genildo Nimon Cao orowaje


Tem Xico Ororam Xijein


Edmilson Ororam Xijein


Harem Tapaxi Oro mon


Genilson Cao Orowaje


Isaac Oro Mon


Maxun Jam A Cao Orowaje


Patokwe Cao Orowaje


Jambiana Canoé


Fabiola Arowá


Marciana Oro Mon


Francelina Oro Mon


Tiaré Oro Mon


Adaildo Oro Nao´


Cláudio Oro Eo


Wem Cacami Canoé


Jenailde Tompan Cao Orowaye


Orowao Xiao Oro Mon


Carlos Oro Mon


Jefferson Oro Nao´


Mai Ororam Xijein


Nacom Arowá


Wem Cacami Cao Orowaje


Wem Prawan Oro mon


Maria Eva Canoé


Jap Mete Oro Mon


Ariram Cao orowaje


 

Fonte: Cimi - Regional Rondônia
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