24/12/2005

Mais um covarde assassinato de índio Kaiowá Guarani

Por volta das 12 horas desta véspera de Natal, dia 24 de dezembro, foi assassinado por seguranças contratados por fazendeiros do Mato Grosso do Sul DORVALINO ROCHA, Kaiowá Guarani da Terra Indígena Nhanderu Marangatu, de aproximadamente 45 anos, pai de família e líder da comunidade. Conforme testemunhas presentes ao ato covarde, três indígenas acampados na beira da estrada se encontravam na porteira que dá acesso ao local onde se encontram várias famílias indígenas – 26 hectares, e também é o local de acesso às fazendas Fronteira, Morro Alto, Cedro, dentre outras, quando chegou um carro. Desceram duas pessoas e apontaram armas para o Dorvalino. Em seguida desceu um terceiro homem, segurança das fazendas, e disparou com arma de fogo contra Dorvalino. Este ainda com vida foi logo conduzido para Antonio João, porém veio a falecer no caminho. Seu corpo encontra-se em Antonio João. Há informações de que o veículo que transportava os seguranças fugiu em direção à Fazenda Morro Alto.


 


A covardia e a revolta


 


Esse fato de extrema gravidade gerou imediatamente grande alvoroço e revolta entre os índios acampados. Conforme a professora Léia, apesar da Polícia Militar estar na região a situação continua muito tensa, sendo imprevisível qualquer tipo de reação.


 


No dia de ontem a coordenação dos movimentos sociais do Mato Grosso do Sul, protocolou ofício na Secretaria Estadual de Segurança e na Polícia Federal, alertando para possíveis violências neste período de final de ano, pedindo atenção especial dos órgãos públicos de segurança para a região e responsabilizando os mesmos sobre qualquer ato de violência contra os Kaiowá Guarani de Nhanderu Marangatu, acampados à beira da MS-384. Infelizmente, menos de 24 horas depois, já acontece esse bárbaro assassinato. Próximo de onde foi assassinado Marçal de Souza, agora é derramado o sangue de Dorvalino. Até quando se continuará assassinando lideranças dessa aldeia enquanto lhes é negada a terra já demarcada e homologada?


 


O Cimi exige a imediata apuração do crime pela Polícia Federal com a decretação da prisão preventiva dos assassinos, proteção da integridade física das pessoas e da comunidade Kaiowá Guarani, bem como o retorno imediato dos índios ao seu território tradicional, de onde foram expulsos. Sem isto se estará estimulando e perpetuando a violência institucionalizada.


 


Em mais esse momento de profunda dor e revolta por esta covarde agressão sofrida, o Cimi externa sua solidariedade com a comunidade de Nhanderu Marangatu e em especial os familiares de Dorvalino.


 


Campo Grande (MS), 24 de dezembro de 2005.


 


Cimi – Conselho Indigenista Missionário


 

Fonte: Cimi - Regional Mato Grosso do Sul
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